Título: Bolívia marcha para renovação
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 06/12/2004, Internacional, p. A-9

Partidos tradicionais perdem espaço

LA PAZ - As eleições municipais de ontem na Bolívia definirão um novo mapa político com uma forte inserção de organizações cidadãs e povos indígenas e a consolidação da esquerda em detrimento de correntes tradicionais.

Após o sangrento outubro de 2003, quando uma rebelião popular expulsou do poder o ex-presidente liberal Gonzalo Sánchez de Lozada e as três forças políticas que o sustentavam, a população considerou os partidos sepultados.

Um total de 337 agrupamentos cidadãos e 62 grupos indígenas disputaram as eleições com candidatos de 17 partidos políticos, que agora perdem a exclusividade na participação eleitoral. Mais de 4,5 milhões de cidadãos, a metade da população boliviana, escolheram entre 13,5 mil candidatos em 327 municípios.

A derrocada de partidos tradicionais como o Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), vencedor das últimas três eleições municipais e cujo líder político, Sánchez de Lozada, destituído do poder pelo povo, vive atualmente em Washington, é dada como inevitável.

Uma das poucas certezas dos analistas políticos é a de que o Movimento ao Socialismo (MAS), do líder cocalero Evo Morales, se consolidará como a principal força política nacional.

Os resultados oficiais serão anunciados antes do fim do mês, segundo o cronograma da Corte Nacional Eleitoral.