Título: Em busca de uma cidade melhor
Autor: Vivian Rangel
Fonte: Jornal do Brasil, 06/12/2004, Rio, p. A-13
Começa amanhã, no Sofitel, a 3ª Conferência Internacional sobre Desenho Universal, que reúne arquitetos, engenheiros e designers, de 64 países, para discutir novas soluções de acessibilidade e garantir a qualquer cidadão uma movimentação tranqüila pelas ruas da cidade. Durante o evento, promovido pela ONG Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro, CVI-Rio, universitários e palestrantes trocarão experiências e formularão projetos para tornar o Rio uma cidade preparada para lidar com a diversidade. - O foco do congresso é desenvolver soluções arquitetônicas e tecnológicas voltadas para as gestões governamentais. O custo de criar projetos acessíveis para todos é praticamente o mesmo, por isso é importante divulgar as iniciativas - explica a organizadora do Congresso, Verônica Camisão.
Na programação da conferência estão estudos de casos e visitas a diversos locais da cidade, como o Pão de Açúcar, o Sambódromo e a Estação das Barcas, para verificar se esses locais apresentam boas condições de acesso para deficientes.
- Os conceitos de acessibilidade ainda não são difundidos nem mesmo nas faculdades de arquitetura. Durante o evento, os profissionais poderão aprender sobre soluções para o urbanismo, edificações e transporte adotadas em todo o mundo - explica Verônica.
O pouco planejamento faz com que, para muitos, andar pela cidade seja uma corrida de obstáculos. A deficiente visual Ethel Rosenfeld, que fará uma palestra sobre inclusão e diversidade, no evento, afirma que o Rio é muito mal preparado para receber os deficientes.
- Os orelhões múltiplos são como monstros de três cabeças, você bate em uma e de novo na outra. As lixeiras suspensas e os blocos de concreto para impedir o estacionamento são um perigo. É impossível detectá-los com a bengala - reclama Ethel.
O Congresso é voltado principalmente para quem trabalha com a construção dos acessos, mas há palestras gratuitas sobre a convivência social com os deficientes.
- Além de acessos facilitados, nós precisamos ser ouvidas. Só assim, mitos como o de que uma pessoa cega não tem interesse em ''ver'' a natureza ou assistir uma exposição de arte serão desfeitos. Queremos interação e ambientes amigáveis, não condutores - resume Ethel.