Título: ''Copom? Palocci?''
Autor: Bruno Rosa
Fonte: Jornal do Brasil, 06/12/2004, Economia & Negócios, p. A-17

Avaliar quanto a alta da taxa básica de juros pode influenciar no preço final de roupas e eletrodomésticos é algo simples para Balbino Bezerra, de 44 anos. Vendedor há mais de dez anos, ele sempre acompanha com atenção as elevações da Selic e, depois, os desdobramentos dos juros nas prestações. Por isso, Bezerra não perde tempo em defender compras só à vista.

- A elevação da Selic aumenta tudo. Por isso, a melhor forma de comprar é economizar e tentar comprar à vista. Só valeria encarar prestações se a taxa Selic fosse generosa. Sei que os repasses sempre são feitos. E quem arca com os prejuízos somos nós - afirma Bezerra.

Já a professora Rose Garcia, de 53 anos, atribui todo o problema à inflação.

- O grande dilema é a alta dos preços. Se eles ficam muito altos, o governo é obrigado a elevar os juros para controlar a demanda. Caso contrário, vamos voltar aos mesmos dilemas que vivíamos no início dos anos 90 - raciocina.

Para ela, o trauma da inflação deu lugar ao trauma dos juros. Se antes a preocupação era com a alta diária dos preços, hoje a questão está centrada na elevação das taxas e seu impacto nas compras a prazo.

Há, no entanto, quem nunca tenha ouvido falar em Selic, Copom e, até mesmo, Palocci. As jovens Tayana Noronha, de 15 anos, Natália Freire e Larissa Duarte, ambas de 16, escutam os pais reclamarem em casa das altas taxas de juros sem entender o que isso representa.

- Nossos pais reclamam sempre, ainda mais depois de comprar algo parcelado. Mas não temos a mínima idéia do que seja Selic e Copom. E o que é Palocci? - indagaram, ao serem abordadas sobre o assunto quando passeavam nos corredores de um shopping do Rio.