Título: Projeto social da bolsa é elogiado pela ONU
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Fonte: Jornal do Brasil, 06/12/2004, Economia & Negócios, p. A-17

Vice-secretário-geral considera Bovespa exemplo para mercados financeiros de todo o mundo

SÃO PAULO - O vice-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Zéphirin Diabré, visitou neste fim de semana as instalações da Bolsa de Valores de São Paulo, interessado em conhecer projetos que apóiam o trabalho de movimentos sociais ou fomentam a entrada de pequenos investidores no mercado de capitais. - Muitas coisas que vimos aqui deveriam servir de exemplo para todas as bolsas de valores do mundo - declarou Diabré.

O vice-secretário-geral afirmou que o projeto que mais chamou sua atenção é a chamada Bolsa de Valores Sociais, para a qual se dirige uma porcentagem do dinheiro negociado, financiando projetos desenvolvidos por organizações não-governamentais.

Diabré também foi apresentado a um programa que facilitou o acesso de investidores com menor poder aquisitivo à Bovespa.

- Tornar o mercado de ações acessível a todos é exatamente o tipo de coisa que queremos fazer. Consideramos que, para que o capitalismo funcione, é indispensável que seja popular - afirmou Diabré, também administrador-adjunto do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

O presidente da Bovespa, Raymundo Magliano Filho, disse estar orgulhoso pelo reconhecimento da ONU. Para ele, a visita de Diabré foi ''uma excelente oportunidade de demonstrar que qualquer mercado de valores pode servir como elemento de integração social''.

A Bovespa é o principal mercado de ações da América Latina. Segundo dados de empresas financeiras, em setembro deste ano o mercado paulista concentrou 66% de todas as operações registradas nas bolsas latino-americanas.

Enquanto o mercado de ações vive um bom momento, com elogios de autoridades estrangeiras e o Ibovespa em nível recorde, no mercado de câmbio, o clima é de expectativa. O dólar fechou a semana na casa de R$ 2,70, menor patamar desde junho de 2002, devido ao anúncio de novas emissões de bancos privados e do governo federal.

Com o real acumulando valorização de 6,2% frente ao dólar no ano, muitas grandes empresas vêm aproveitando para liquidar dívidas em moeda americana. Segundo Alessandra Ribeiro, analista da consultoria Tendências, a dívida externa privada recuou de US$ 95,1 bilhões ao final de 2003 para US$ 89,3 bilhões em setembro deste ano. O fortalecimento do real, no entanto, preocupa exportadores, ao reduzir a competividade dos produtos brasileiros.