Título: Crescem as internações
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Fonte: Jornal do Brasil, 06/12/2004, Brasília, p. D-3

Entre janeiro e novembro deste ano, 2.398 adolescentes entraram no Caje, contra 1.317 em 2003. Ou seja, faltando um mês para o fim do ano, a quantidade de internações na instituição já é 82% maior que no ano anterior. O crescente ingresso de jovens no exército do crime, e, posteriormente, nos centros de ressocialização, tem obrigado o GDF a abrir seu cofre, cada vez mais. Entre 1996 e 2004, a Secretaria de Assuntos Sociais gastou R$ 79,6 milhões no atendimento a menores infratores. Os recursos destinados pelo governo para a execução dos programas de liberdade assistida, semi-liberdade e internação têm aumentado gradualmente, principalmente nos últimos três anos. Enquanto entre 1996 e 2001 foram gastos R$ 31,1 milhões, entre 2002 e 2004 o GDF investiu R$ 48,3 milhões.

Neste ano, 18,24% do orçamento da secretaria foi reservado para o trabalho de reeducação. A estimativa é que o Caje consuma R$ 6,7 milhões, o programa de jovens em liberdade assistida R$ 247 mil e os adolescentes em situação de semi-liberdade R$ 1,1 milhão. No total, são R$ 8,1 milhões - custos com pessoal e manutenção não estão incluídos.

- Mesmo com tantos adolescentes entrando, os problemas e conflitos internos estão diminuindo, graças aos investimentos em projetos internos - diz o secretário Gustavo Ribeiro.

De acordo com Ribeiro, outro centro de reabilitação, com capacidade para 146 menores, deve ficar pronto no meio do ano que vem, no Recanto das Emas. A secretaria ainda está procurando um terreno para construir a quarta unidade de internação de jovens delinqüentes no DF. Além desses centros, o GDF possui sete casas de semi-liberdade. Está tentando abrir mais uma, porém, tem encontrado dificuldades, uma vez que moradores das comunidades que receberiam esse centro têm recorrido à Justiça e ganhado as causas.

Ribeiro defende uma alteração na Legislação. Para o secretário, o número de jovens que voltam a delinqüir é grande. O secretário defende que os reincidentes percam a proteção do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou seja, passem a ser tratados como adultos.

- Vamos ter que ficar construindo centros de internação até quando? - questiona, acrescentando que o problema é conjuntural.