Título: Política de extermínio
Autor: Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 07/12/2004, País, p. A3

A Guerrilha do Araguaiafoi deflagrada em 1966 por militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) na região do Bico do Papagaio, no sul do Pará. O movimento, de inspiração maoísta, pretendia instalar um foco de resistência à ditadura militar na Amazônia.

A guerrilha foi dizimada pelo Exército em sucessivas operações entre 1972 e 1975. Estima-se que cerca de 12 mil soldados tenham participado das três investidas, que mataram 75 pessoas - 58 guerrilheiros e 17 camponeses, segundo o PCdoB. Muitos foram executados depois de se entregarem às tropas. Em abril de 1974, Osvaldo Orlando da Costa, o Osvaldão, um dos comandantes da guerrilha, foi morto pelo Exército e teve sua cabeça exposta na base militar de Xambioá.

Gravações do general-presidente Ernesto Geisel transcritas pelo jornalista Elio Gaspari no livro A ditadura derrotada mostram que a cúpula do regime aprovava a política de extermínio dos guerrilheiros.

Após a Anistia, foram feitas diversas expedições em busca dos restos mortais, mas a única ossada identificada foi a de Maria Lúcia Petit. Um dos sobreviventes foi o presidente do PT, José Genoino, que se juntou aos guerrilheiros do Araguaia em 1970. Preso pelo Exército em abril de 1972, foi torturado e condenado a pena de cinco anos, que cumpriu em presídios de São Paulo, Brasília e Ceará.