Título: Palocci acena para correção do IR
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 07/12/2004, Economia & Negócios, p. A19

Ministro afirma que ainda há tempo para estudar reajuste da tabela e pede pressa na reforma tributária

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, afirmou ontem que ainda existe tempo hábil para fazer a correção da tabela do Imposto de Renda de Pessoa Física neste ano. Dessa forma, as mudanças passariam a vigorar já em 2005. De acordo com o ministro, as alternativas de correção ainda estão em fase de estudos. Atualmente, a tabela do IR possui três faixas de alíquotas: isenção (até R$ 1,058,00), 15% (para salários até R$ 2.115,00) e 27,5% (para salários acima de 2.115,00). Nos últimos sete anos, a tabela foi corrigida apenas uma vez, em 2002, em 17,5%.

Palocci negou a informação de que a equipe econômica estaria pressionando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para dar uma correção menor para o IR e fazer caixa para conceder aumento mais vigoroso para o salário mínimo. De acordo com Palocci, correção da tabela e salário mínimo ''são assuntos diferentes'', que não guardariam relação entre si.

Para pressionar o governo a realizar o reajuste da tabela, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) organizará uma marcha que partirá de Luisiânia (GO), em direção a Brasília. O grupo, que parte no dia 13, deverá chegar a Brasília dois dias depois, quando pretende ser recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A mobilização das centrais sindicais pelo reajuste da tabela do IR, inicia-se ainda esta semana. Amanhã, está prevista a reunião de representantes das entidades com Palocci. O reajuste reivindicado pelos sindicalistas, que exigem também a criação de uma política de recuperação do salário mínimo, é de 17%.

Pelos cálculos da equipe econômica do governo, se o percentual de reajuste fosse aprovado, R$ 2,7 bilhões de reais deixariam de ser arrecadados. Já o custo do reajuste do salário mínimo para R$ 300, como quer Lula, é de R$ 2,1 bilhões anuais.

O ministro Palocci também se reúne esta semana, novamente, com os governadores de estados exportadores para discussão da compensação pelas perdas com a isenção, nas exportações, do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

O ministro comentou, ontem, sobre a necessidade de um ''passo mais ousado'' para prosseguimento da reforma tributária.

- No momento, estamos conversando com os governadores no sentido de dar prosseguimento à reforma tributária, agora dando um passo mais significativo, que é a eliminação da verdadeira biblioteca que existe de tributos e leis sobre o ICMS - disse.