Título: Casa própria pode ficar mais fácil
Autor: Gustavo Igreja
Fonte: Jornal do Brasil, 11/01/2005, Brasília, p. D5

Uma nova modalidade de financiamento pode abrir as portas da casa própria para quem há muito andava esquecido pelos programas habitacionais do governo. Ontem, a Caixa Econômica Federal (CEF) começou a receber das construtoras propostas de contrapartida para o financiamento de imóveis de valor até R$ 80 mil, destinados a famílias cuja renda não ultrapasse seis salários mínimos, ou R$ 1.560. Até o final do ano, a expectativa do setor é de que em torno de dois mil apartamentos no DF sejam financiados pelo programa a preço de custo.

Os interessados não procurarão a CEF, mas as empresas que colocarão à venda os apartamentos, construídos de forma econômica. Os projetos só terão o financiamento aprovado quando 30% das unidades estiverem vendidas. A CEF tem R$ 1 bilhão para injetar no programa este ano. O setor espera que cerca de vinte empreendimentos sejam autorizados para a região.

- O consumidor vai procurar as próprias construtoras, que espalharão anúncios dos empreendimentos pelo DF. Os apartamentos serão simples, sem elevador e garagem, construídos em cidades como Sobradinho, Gama, Samambaia e Planaltina. A vantagem é que, financiados pelo banco e não pela construtora, o comprador pode pagar parcelas bem menores em prazo muito maior. Para quem ganha pouco, isso pesa mais do que o valor final do imóvel - explica o engenheiro Roberto Cortopassi, diretor do Sindicato das Indústrias da Construção Civil local (Sinduscon - DF).

O prazo para pagamento das unidades vai até 20 anos. Segundo Cortopassi, a vantagem para os interessados é a possibilidade de usar todo o FGTS como parte do pagamento, o que não é permitido no financiamento de imóveis com valor mais alto. Além disso, ressalta ele, a CEF mudou o formato do acordo que fará com as construtoras, para evitar que os compradores tenham prejuízo caso as empresas passem por dificuldades financeiras. Se isso ocorrer, a construtora pode ser trocada.

- Isso protege o comprador. Além disso, condicionar a aprovação do projeto à venda prévia de 30% dos imóveis garante a viabilidade do projeto. Quem comprar na planta conseguirá preço mais baixo. Mas, mesmo prontos, os apartamentos não podem passar de R$ 80 mil. No Gama e no Areal, dois estão aprovados. Os apartamentos terão 55 m² - comenta o diretor.

O problema do programa, de acordo com o engenheiro, continua sendo a burocracia para aprovar tanto o crédito, quanto o projeto. Ele afirma que, dos beneficiários dos financiamentos oferecidos pela CEF, só 14% têm o crédito autorizado. Para as empresas construtoras, a dificuldade é lutar contra o tempo.

- Mesmo com a aprovação de tão poucos compradores, existe demanda e os empreendimentos são viáveis. Difícil é vencer a burocracia da CEF, que, às vezes, não analisa os documentos antes de perderem validade - afirma ele.