Título: Lula será a principal atração
Autor: Gisele Teixeira e Caio Cigana
Fonte: Jornal do Brasil, 17/01/2005, País, p. A2

O evento considerado contraponto ao Fórum Econômico Mundial, que ocorre na mesma época em Davos, na Suíça, também avançou no convite a personalidades estrangeiros e na chamada economia solidária. No primeiro caso, uma das atrações é o escritor português José Saramago, que não pôde participar de edições passadas. Também virão a bióloga queniana Wangari Maathai, Nobel da Paz do ano passado, o físico austríaco e militante da causa ecológica Fritjof Capra e o belga Bernard Cassen, diretor do Comitê pela Anulação da Dívida do 3º Mundo.

Mas a grande atração deve ser o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que no dia 27 fará o lançamento da Campanha de Combate à Pobreza no Mundo. Na véspera, grandes atrações movimentarão a noite de abertura.

Representantes dos cinco continentes - Ásia, América, África, Europa e Oceania - embalarão a caminhada e o show que marcarão o início das atividades da quinta edição. Entre as atrações já confirmadas estão os Tambores pela Paz, que reúne pessoas e ritmos de diversas partes do planeta, o grupo indiano Amit Heri e o haitiano Luck Mervill, representante do estilo creole.

Considerada a melhor banda argentina pelo jornal El Clarín, Bersuit Vergarabat também se apresentará em Porto Alegre, bem como o franco-espanhol Mano Chao. No total, serão realizada 280 atividades culturais, em 14 palcos montados na orla.

As discussões foram divididas em 11 temas, que vão desde Pensamento Autônomo, Comunicação, Lutas Sociais e Alternativas até Paz e Desmilitarização e Economias Soberanas. São 203 salas e auditórios para debates e outras 295 tendas para diferentes atividades e serviços, distribuídos numa extensão de quatro quilômetros entre o Cais do Porto e o Parque Marinha do Brasil.

Cerca de 80% dos espaços de debates são formados por tendas de lona. O restante são espaços que utilizam conceitos de bioarquitetura, com oito salas de paredes de palha de arroz, trigo e cevada, com uso de grama para o telhado e estruturas de eucalipto. Nestes espaços, a mão-de-obra é de integrantes dos movimentos sociais do meio rural e de soldados do Exército.

A organização também está dando prioridade à utilização de softwares livres. Além disso, empreendimentos de economia solidária tiveram prioridade na hora de contratação de serviços ou produtos. Isso inclui desde a estrutura física, serviços de segurança, limpeza, coleta seletiva e reciclagem de material, até as bolsas oferecidas a participantes e os crachás.

O coordenador do Ibase, João Roberto Lopes, conta que para a confecção das 65 mil bolsas foram contratadas duas empresas de Santa Catarina, que mandam os fios para São Paulo, para empresas que tecem. Depois, os panos são enviados para cerca de 30 cooperativas no Sul, que terminam a confecção.

- Todo o sistema é cooperativado e há gestão coletiva em todo o processo - diz.

Nesta edição do evento, a moeda solidária, que já foi utilizada em outras ocasiões no Acampamento da Juventude, passa a circular por todo o Fórum. Haverá também o Ecobanco, e o lançamento de campanha pelo Fórum Brasileiro de Economia Solidária.