Título: Israel libera uso da violência
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Fonte: Jornal do Brasil, 17/01/2005, Internacional, p. A7
O primeiro-ministro israelense Ariel Sharon anunciou ter dado carta branca ao Exército para combater os militantes palestinos na Faixa de Gaza. O político também acusou Mahmoud Abbas, líder palestino recém-eleito, de não reagir à violência contra Israel.
O governo palestino pediu calma e afirmou que Abbas tentará mais uma vez conseguir o fim dos combates, que já duram quatro anos. Mas Israel acha que sua tentativa já está fracassada.
- Embora a liderança tenha mudado, estamos para ver alguma mudança no comportamento palestino - disse Sharon ao seu gabinete, dois dias depois de suspender os contatos com Abbas por um ataque guerrilheiro que matou seis israelenses. - O Exército e as unidades de segurança foram instruídas a tomar qualquer ação sem restrição para impedir o terrorismo. Isso continuará enquanto os palestinos não interromperem a violência.
A imprensa de Israel publicou que o Exército pode reiniciar os assassinatos de líderes guerrilheiros e instalar zonas de segurança na Faixa de Gaza para prevenir ataques de morteiros e foguetes contra assentamentos de judeus.
Sharon disse a seus ministros que podia ouvir, de sua fazenda, no Sul de Israel, as explosões em cidades próximas.
A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) fez um apelo para ''todos os ataques que prejudiquem os interesses nacionais e ofereçam motivos para a retaliação de Israel. A OLP, no entanto, não disse o que fará para impedir as ações.
Nabil Shaath, ministro do Exterior palestino disse que Abbas irá a Gaza nesta semana pressionar os militantes para conseguir uma trégua que seria seguida por Israel e persuadi-los a participar das eleições parlamentares, em 17 de julho.
- Temos que tentar. Se queremos conversar com os ocupantes, não vamos falar com nossos irmãos? É preciso continuar, mas não é uma tarefa simples - disse Shaath.
A violência continua a sufocar as esperanças de paz desde a morte de Yasser Arafat, em novembro. Tropas israelenses mataram oito palestinos, vários deles guerrilheiros, em Gaza. A ação ocorreu dois dias depois do ataque mortal ao posto de fronteira de Karni.
Em troca do cessar-fogo, Sharon ofereceu coordenar com a Autoridade Palestina os itens do plano para evacuar tropas e os assentamentos de Gaza em 2005, antes das conversas sobre a criação de um Estado independente.
Mas a exigência da interrupção dos ataques por Sharon foi criticada pelo presidente egípcio, Hosni Mubarak:
- A experiência mostra que não é possível negociar se o fim da violência for uma condição. Graças a Deus que Sharon e Abbas não se odeiam e, por isso, não há motivo para o atraso das negociações.
O primeiro-ministro palestino falhou em conseguir uma trégua antes da eleição da semana passada. Israel disse não aceitar um cessar-fogo formal, mas responderá à altura se os ataques palestinos pararem.
Os militantes continuaram as ações ontem, disparando dois foguetes contra o Sul de Israel. A Força Aérea Israelense informou ter destruído três lançadores Qassam no Norte da Faixa de Gaza.
- Se Abu Mazen (Abbas) não acabar com o terrorismo, ele o destruirá - afirmou o vice-ministro da Defesa de Israel, Zeev Boim.