Título: Novo ataque à alta dos juros
Autor: Otto Filgueiras
Fonte: Jornal do Brasil, 17/01/2005, Economia, p. A17
Depois de lembrar a sua origem humilde, mas com a experiência de mais de 50 anos de sucesso empresarial na indústria têxtil Coteminas, José Alencar afirma que ''não é preciso estudar Economia profundamente para saber que o nosso regime de juros é grandemente responsável pelo elevado risco-país: é fácil entender que os credores internacionais não podem praticar taxas de juros mais baixas para um país em que o seu próprio Banco Central mantém taxas de juros dessa natureza''.
Para ele, ''se as autoridades monetárias brasileiras enxergam problemas que, segundo elas, exigem a adoção dessas elevadas taxas de juros, não seria razoável esperar que os credores internacionais tivessem outro comportamento e essa é uma das principais razões para o elevado risco Brasil, que cairia, seguramente, a partir do momento em que caíssem os juros a patamar civilizado''. O vice-presidente da República afirma que ''nunca houve na história do Brasil maior transferência de renda, oriunda da produção, o que vale dizer, do trabalho, em benefício do sistema financeiro, nacional e internacional, e isso acontece há quase dez anos, ininterruptamente''.
José Alencar lembra que ''a Constituição de 1988 acabou com a censura, exceto a censura sobre quem decide bater nesse desastroso regime de juros e essa continua, tenho sido vítima dela, muitas vezes até pela distorção do que falo''.
Mas o vice-presidente não desiste e avisa que vai continuar na sua luta, ''porque os que me conhecem sabem que não ingressei na vida pública para atender a nenhuma necessidade material; ingressei movido pelo sonho de ver um Brasil próspero e menos desigual. Para realizar esse sonho, que é de todos os brasileiros, tenho tentado oferecer alguma contribuição oriunda da minha experiência''.
Por tudo isso, José Alencar recomenda a leitura dos ensaios que formam o livro ''Novo-Desenvolvimentismo - Um projeto nacional de crescimento com eqüidade social'' lançado pela Editora Manole da Fundação Konrad Adenauer. Nos ensaios, diz o vice-presidente da República, ''os brasileiros preocupados com o destino do Brasil e, sobretudo, com a superação das dificuldades que temos passado, encontrarão espaço para exercitar a inteligência na busca de alternativas que possam consultar os elevados objetivos nacionais''.
Com o texto que escreveu para o prefácio do livro, José Alencar demonstra mais uma vez que, ao contrário do estigma que pesou sobre ele durante a campanha eleitoral de 2002, está muito mais à esquerda do que a equipe econômica, que, com sua visão monetarista, mantém a hegemonia e o rumo conservador do governo Lula.