Título: Heloisa prepara campanha
Autor: Bernardo Mello Franco
Fonte: Jornal do Brasil, 09/01/2005, País, p. A2
Trazer Heloisa Helena de volta à vida política. Segundo Milton Temer, a promessa foi suficiente para garantir boa parte das assinaturas pela legalização do P-SOL. A candidatura da senadora alagoana à presidência, em 2006, tem papel estratégico para consolidar a nova sigla.
- Heloisa representa a oposição de esquerda e a resistência dos socialistas abandonados pelo PT - discursa o ex-deputado.
A senadora reconhece que suas chances são ''mínimas'', mas alega cumprir uma missão partidária.
- Perder não é problema, problema é mudar de lado. Se fosse carreirista, disputaria a reeleição no Senado.
Embora afirme não estar em campanha, Heloisa aproveitou viagens nos últimos meses para se aproximar de outros partidos de esquerda. No Rio, apoiou a candidatura de Jandira Feghali (PCdoB) à prefeitura e participou da convenção nacional do PDT, em dezembro.
A senadora ainda guarda mágoas da expulsão de sua antiga sigla, em dezembro de 2003, e afirma ter ficado com ''cicatrizes na alma''.
- Sempre faremos oposição ao neoliberalismo, seja com tucano ou estrelinha na lapela - desafia.
Apesar de o programa apresentado no primeiro encontro nacional do P-SOL, em junho de 2003, pregar o ''enfrentamento revolucionário contra a ordem capitalista'', não existe consenso sobre os planos da legenda. Milton Temer garante que o partido não fará ''uma ruptura com o capitalismo'', mas há quem defenda a revisão das privatizações e o calote da dívida externa.
- Nossa proposta é de ruptura, não de conciliação. O partido tem que mostrar a que veio - cobra o sindicalista Osvaldo Mendes.
As críticas ao governo Lula são acompanhadas, no discurso dos militantes, por elogios aos presidentes Néstor Kirchner, da Argentina, e Hugo Chávez, da Venezuela.
- Ambos mostram que é possível enfrentar o grande capital - resume Temer.
Heloisa Helena admite dúvidas sobre a alternativa socialista para o poder.
- Não temos uma fórmula mágica - reconhece.