Título: Amorim cobra atenção da ONU
Autor: Gisele Teixeira
Fonte: Jornal do Brasil, 12/01/2005, Internacional, p. A12

O governo brasileiro começa a trabalhar para que a recente tragédia na Ásia não reduza - ou até elimine - a atenção internacional dada ao Haiti. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, embarcou ontem para Nova York, onde irá participar, hoje, de uma reunião especial do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Entre os assuntos da pauta, consta uma avaliação da situação no Haiti e os possíveis cursos da ação da ONU no país.

- O Haiti sofre um tsunami socio-econômico há 200 anos. É fundamental que a comunidade internacional não tire o foco de lá - disse o chanceler, lembrando que no país caribenho morrem anualmente 30 mil crianças, tantas quanto morreram na Ásia.

A reunião será uma oportunidade para que o Brasil reitere aos demais membros do Conselho a necessidade de concentrar as ações no tripé ''segurança, diálogo político e ajuda internacional de longo prazo''.

Ao final do encontro na ONU, será apresentada uma declaração presidencial, ainda em negociação pelos membros do Conselho, para reafirmar a importância do engajamento contínuo da comunidade internacional na questão haitiana.

Até agora, os países ricos repassaram US$ 1,2 bilhão ao Haiti para ajudar no pagamento da dívida com o Banco Mundial, o que eliminou a necessidade de o Brasil pedir um empréstimo ponte, conforme havia sido sugerido por Brasília.

Daqui para frente, uma das principais preocupações do Itamaraty, além de manter o foco no Haiti, é garantir a realização das eleições no país, o que deve acontecer até o final do ano.

- Não vamos resolver tudo antes das eleições, mas é importante que elas se realizem nas melhores condições possíveis - destacou Amorim.

O Brasil está presente no Haiti com 1.212 militares e detém o comando da Força Militar da Missão de Estabilização (Minustah). Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru e Uruguai contribuem com mais de 50% do contingente a serviço da força de estabilização.

Além da presença, o Brasil tem se empenhado na mobilização da comunidade doadora para a reconstrução haitiana.