Título: Empresário é morto
Autor: Florença Mazza
Fonte: Jornal do Brasil, 12/01/2005, Rio, p. A13

O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado, Maurício Cruz, de 72 anos, foi morto ontem, em plena luz do dia, no Centro de Niterói. O empresário, que também era conselheiro da Federação das Indústrias do Rio (Firjan), reagiu a uma tentativa de assalto e acabou levando um tiro na cabeça. O crime aconteceu ao meio-dia, na Rua José Clemente. Maurício seria vítima, segundo a polícia, do crime conhecido como saidinha de banco. Ele acabara de deixar o Banco Itaú quando foi abordado pelo bandido Paulo Márcio de Oliveira, de 24 anos, que estava armado com um revólver calibre 38. O empresário reagiu à tentativa de assalto e acabou sendo morto.

No momento em que aconteceu o disparo, uma equipe do Departamento de Polícia do Interior passava pelo local. Paulo ainda tentou fugir, mas acabou sendo preso na Rua Jornalista Luiz Leopoldo Fernandes Pinheiro. O bandido que lhe dava cobertura, segundo ele, um menor, conseguiu fugir.

O delegado Reginaldo Guilherme da Silva, da 76ª DP (Niterói), contou que a população queria linchar Paulo. Policiais militares do 12º BPM (Niterói) foram chamados para ajudar a conter a multidão. Ele foi agredido por alguns pedestres e chegou na delegacia com algumas escoriações.

Em depoimento, Paulo contou que cometeu o crime por desespero e disse morar no Morro do Estado, em Niterói. Ele ficará preso na 76ª DP e será indiciado por latrocínio (roubo seguido de morte), segundo o delegado. Se for condenado, pode pegar de 12 a 30 anos de reclusão. A polícia não soube informar quanto o empresário havia sacado do banco.

O corpo de Maurício, que morreu na hora, foi levado para o Instituto Médico Legal de Tribobó, em São Gonçalo. Ele será enterrado hoje, às 17h, no Cemitério Parque da Colina, em Pendotiba. Maurício Cruz deixa viúva, Vilma Valeri Cruz, quatro filhos e cinco netos.

A Firjan lamentou a morte do conselheiro e lembrou, em nota, que ele morreu 11 dias depois da publicação do manifesto O grito do Rio, um apelo às autoridades públicas pelo fim da violência.

O empresário fundou a Comercial M. Cruz Indústria e Comércio, pioneira na produção de equipamentos para operar no uso do gás industrial e fabricação de maçaricos, bicos de corte, queimadores, fornos e calotas para os setores metalúrgico, plástico, de energia nuclear e telefônico. Antes, tais produtos precisavam ser importados da Suécia, França e Alemanha. Sua empresa chegou a exportar para a Argentina e países africanos.