Título: Comissão estuda mudanças no Bope
Autor: Leandro Bisa
Fonte: Jornal do Brasil, 12/01/2005, Brasília, p. D3

Ainda não foi localizado o sargento da PM que, na madrugada de réveillon, junto com quatro soldados, espancou cinco jovens, próximo à Torre de TV. Se ele não se apresentar até o próximo dia 18, será considerado desertor, disse ontem o comandante geral da PM, Renato Azevedo, ao nomear a comissão responsável por criar o novo Batalhão de Operações Especiais (Bope), mais humano, cordial e civilizado, como quer o governador Joaquim Roriz. Na ocasião, Azevedo disse que a PM está sendo injustiçada. - Cinco erraram. Não é justo que se julgue a corporação inteira pelo o que aconteceu, como parte da população está fazendo - disse Azevedo, acrescentando que 10 mil policiais foram às ruas na noite de réveillon, salvando muitas vidas, evitando assaltos e encontrando crianças desaparecidas.

O sargento do Bope era o comandante da guarnição flagrada em cenas de brutalidade por um cinegrafista amador. O militar viajou no dia seguinte ao incidente, mas deveria ter se apresentado ao seu comandante anteontem. Se declarado desertor, ele poderá ser preso e até expulso da corporação, da qual faz parte há cerca de 20 anos.

A comissão nomeada por Azevedo, para redefinir as atribuições dos 580 policiais do Bope, possui sete oficiais e uma psicóloga, também da PM. Os critérios para a escolha, disse Azevedo, foram a competência, a experiência e a especialidade de cada um.

O comando da PM convidou o Ministério Público para acompanhar o trabalho da Comissão, que tem 20 dias, prorrogáveis por mais 20, para propor as novas diretrizes do Bope. O MP designou o promotor Nísio Tostes, da Promotoria Militar, para acompanhar o estudo. De acordo com Azevedo, Tostes tem o papel de verificar se as propostas estão de acordo com a legislação. Mas o procurador avisou que pretende mais.

- Nós [promotores]não somos figuras decorativa. Pretendo dar palpites - afirmou o promotor.

Tostes atuou nos dois mais polêmicos casos protagonizados pelo Bope. O Massacre da Estrutural, em 1998, onde três pessoas morreram, e da Novacap, em 1999, quando um trabalhador morreu e dois ficaram cegos. Tostes disse que já era hora do Bope ser reformulado.

Há sete dias, o Bope não participa de nenhuma operação. A Patamo, uma de suas sub-unidades, era responsável pelo patrulhamento, 24 horas por dia, de São Sebastião, Paranoá, Planaltina e Paranoá.