Título: Programa tenta acabar com filas
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 12/01/2005, Brasília, p. D5

Até março, o DF receberá o aval do Ministério da Saúde para elaborar o projeto de ingresso da rede pública no Qualisus, programa federal que visa aumentar a agilidade em atendimento emergencial, acabando com as dramáticas filas dos hospitais. A promessa é do coordenador do programa, Antônio Mendes, que ainda não sabe dizer o montante da verba federal destinada à capital. Ao governo federal, pelo Qualisus, cabem a compra de novos equipamentos, obras de expansão nos hospitais e assessoria para gestão. Como contrapartida, os governos locais bancam a contratação de pessoal. A idéia é implantar um sistema de acolhimento no PS com classificação de risco, com uma porta exclusiva para casos graves. A estrutura também deve contar com triagem de pacientes. O programa prevê ainda construção de consultórios, DE laboratórios de imagem e patologia clínica, além de bancos de sangue.

Para Mendes, é possível que o sistema esteja implantado no DF até o segundo semestre de 2006. Antes, porém, será elaborado um projeto para o Hospital de Base (HBB) - com atendimento mais problemático - e outros centros nas satélites. Será avaliada ainda a possibilidade de implantação de unidades exclusivas de pronto-atendimento.

O Qualisus foi lançado em julho do ano passado, no Rio de Janeiro (RJ), e hoje existe no Recife (PE), Porto Alegre (RS), Goiânia (GO) e começa a ser implantado em Manaus (AM). Até agora foram gastos R$ 40 milhões. Para introdução nos outros 23 estados este ano estão previstos R$ 240 milhões que em 2006 subiráo a R$ 360 milhões.

Para o secretário de Saúde, Arnaldo Bernardino, a necessidade de implantar o sistema no DF é imediata.

- O que acontece aqui repercute no País inteiro. Brasília é um pólo que atrai migrantes em saúde - justifica o secretário.

Segundo ele, mais de 60% dos atendimentos nas emergências são de pacientes do Entorno, responsáveis pelas grandes filas nos hospitais públicos. De acordo com um balanço da Secretaria de Saúde, o déficit de leitos nas cidades que se limitam com o DF é grande. A demanda de 32,5 mil leitos - para atender os mais de 1,3 milhões de habitantes da região - é suprida por apenas 842 disponíveis no Entorno.

- Perdemos qualidade por causa da sobrecarga - diz o secretário, ressaltando que dois hospitais (Samambaia e Paranoá) foram construídos desde 2003 e outros dois (Recanto das Emas e Santa Maria) serão inaugurados até 2006.

Bernardino conta que a secretaria enviou seis projetos ao Ministério para incluir o DF no Qualisus. Um, que trata de reestrutura de assistência neonatal foi refeito duas vezes. Com as modificações, a aplicação de recursos prevista despencou de R$ 14 milhões, inicialmente, para R$ 1,1 milhão. UTIs adulta e neonatal também entram como prioridade.