Título: Azeredo anuncia resistência tucana
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Fonte: Jornal do Brasil, 28/01/2005, País, p. A3

BRASÍLIA - Diante da disputa interna do PT na eleição para a presidência da Câmara, o presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), afirmou ontem que o partido não tem como exigir que seus deputados votem no candidato oficial, o petista Luiz Eduardo Greenhalgh (SP).

- Existe uma posição doutrinária do PSDB de respeito à proporcionalidade. No entanto, como há briga no maior partido, a decisão passa a ser dos deputados. A resistência a Greenhalgh é muito grande. Entre os deputados do PSDB, chega a 80% - estima Azeredo.

A direção do PT admite que haverá novas traições à candidatura oficial do partido em prol do petista dissidente, Virgílio Guimarães (MG), que decidiu seguir com candidatura avulsa à presidência da Câmara.

A campanha de Greenhalgh estima um número de cinco a sete integrantes de sua bancada de 90 que, apesar de terem assinado manifesto em favor do deputado paulista, vão virar a casaca e apoiar Virgílio. Isso só ocorrerá se a eleição para a Mesa, no próximo dia 14, for secreta, o que é a tendência atual.

Até agora, três deputados petistas já contrariam publicamente a indicação oficial da bancada. Além de Virgílio, são eles Ivo José (MG) e José Boeira (SC).

A praxe no Congresso é que o maior partido indique o presidente das Mesas Diretoras. Na Câmara, o direito é do PT; no Senado, do PMDB. O hábito do PT de lançar candidatos avulsos quando era minoritário se repete agora, quando tem o direito de ocupar a presidência. Virgílio insiste na disputa, mesmo sem respaldo do partido.

- Os votos do PSDB podem ir para o Virgílio ou para José Carlos Aleluia (PFL-BA) - antecipa Azeredo.

O presidente do PSDB nega, no entanto, que os tucanos estejam retaliando a traição do PT na eleição para a presidência da Câmara Municipal de São Paulo. Os petistas apoiaram o tucano Roberto Tripoli contra o candidato oficial do PSDB, Ricardo Montoro.

- A questão de São Paulo já está superada - garante Azeredo.

Questionado se o problema na eleição da presidência da Câmara estava em Greenhalgh ou no PT, Azeredo resumiu a posição do partido:

- O problema são os dois.

O presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), informou ontem que vai se reunir com líderes partidários na próxima terça-feira para definir as regras da eleição para a nova composição da Mesa.

Na reunião, os líderes vão definir o horário de início da votação, o horário-limite para a inscrição dos candidatos e a escolha dos cargos pelos partidos, de acordo com o tamanho de cada bancada.

João Paulo contou que pediu aos candidatos moderação no uso dos espaços públicos para divulgar o material de propaganda. Ele reafirmou que é difícil mudar a regra regimental de voto secreto para o dia da eleição.

- A votação só pode ser aberta se houver acordo - ressaltou o petista.