Título: Henrique Meirelles esnoba FMI em Davos
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 28/01/2005, Economia & Negócios, p. A22

Para presidente do BC, Brasil não precisa renovar acordo

DAVOS (SUÍÇA) - O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, comentou ontem em Davos, na Suíça, que a renovação do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) será decidida em função dos interesses nacionais. Segundo Meirelles, a decisão só será tomada em março, quando vencer o acordo.

- Mas o Brasil não precisa mais do acordo, no sentido em que precisava antes. O Brasil tem condições de caminhar com as próprias pernas - disse Meirelles, que participará do Fórum Econômico Mundial.

Sobre a ata do Copom, divulgada ontem, ele comentou que o processo de ajuste dos juros é necessário para um crescimento sustentado, baseado em controle de inflação.

- Não há exemplo de países na história recente que tenham crescido com inflação fora de controle. Inflação alta não leva a crescimento - disse. Hoje, em seu primeiro dia em Davos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará com autoridades econômicas do Reino Unido, Itália e França do debate intitulado Financiando a guerra contra a pobreza, em que tentará mais uma vez mobilizar as discussões contra a miséria no mundo. Amanhã, acompanhado dos ministros Antonio Palocci (Fazenda), José Dirceu (Casa Civil), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Celso Amorim (Relações Exteriores) e de Meirelles, participará de um encontro com investidores estrangeiros.

No segundo dia do Fórum, o vocalista da banda de rock U2, Bono Vox, o homem mais rico do mundo, Bill Gates, e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, protestaram formalmente contra a pobreza na África.

Blair afirmou que o que estava acontecendo na África seria um ''escândalo'' em qualquer outra parte do mundo. Bono voltou a pedir o perdão da dívida dos países pobres.

Próximo à sede do Fórum, militantes do movimento ecológico Greenpeace protestaram contra a recusa do grupo Dow Chemical em ''pagar compensações e limpar a área afetada em Bophal'', na Índia, em alusão ao desastre de 1984, quando um vazamento de gás em unidade da Union Carbide (comprada pela Dow em 2001) matou milhares de pessoas.