Título: Guerrilha ataca e EUA sofrem mais baixas
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Fonte: Jornal do Brasil, 29/01/2005, Internacional, p. A8

Americanos perdem soldados e um helicóptero. Governo diz que está mais perto de Zarqawi

WASHINGTON e BAGDÁ - A captura do fundamentalista jordaniano Abu Musab al Zarqawi parece ''mais próxima'' depois da detenção de dois de seus lugares-tenentes, anunciou o vice-primeiro-ministro iraquiano, Barham Saleh, durante uma videoconferência transmitida para o Pentágono. O dia também foi marcado pela queda de mais um helicóptero americano. Desta vez foi um UH-58, usado para coordenação aérea, que caiu em Bagdá.

- Confio, com base nas provas que reunimos, que estamos cada vez mais próximos da eliminação das pessoas que ameaçam nosso país - afirmou Saleh a partir de Bagdá. - Parece que estamos perto de capturar o próprio Zaraqwi - enfatizou, insistindo em que os esforços neste sentido deveriam prosseguir.

- Zarqawi é perigoso, responsável pela morte de muitos iraquianos e de membros da coalizão. Mais cedo ou mais tarde, o prenderemos - frisou.

Os presos são Salah Salam Dubaig al-Obeidi, mais conhecido como Abu Saif, Mohammed Yassin al-Issawi e Nadi Mohammed Qais (Abu Aid), assessor militar de Abu Saif. Os nomes foram divulgados pelo secretário de Segurança Nacional, Qassem Daoud, especificando que o primeiro era o emir de Zarqawi na capital.

A captura ocorreu nos dias 15 e 17 de janeiro. As autoridades iraquianas anunciaram desde dezembro a detenção de vários membros da rede de Zarqawi. O general Erv Lessel, porta-voz das forças americanas no país, confirmou que 24 rebeldes, entre eles homens de confiança do fundamentalista jordaniano, haviam sido detidos.

Al Obeidi, ou Saif, é acusado de preparar o atentado que em maio de 2004 matou o presidente do extinto Conselho de governo, Ezedin Salim, junto com outras oito pessoas. Daoud afirmou que al Obeidi se encontrou pelo menos 40 vezes com o chefe máximo nos últimos três meses.

O grupo de Zarqawi, pela cabeça de quem Washington oferece uma recompensa de US$ 25 milhões, reivindicou vários atentados no Iraque. O jordaniano declarou ''uma guerra sangrenta'' às eleições de amanhã atacando principalmente os xiitas, que são maioria no país árabe e devem dominar o próximo governo.

Três soldados americanos morreram em uma explosão em Bagdá, o que eleva para cinco o número de militares mortos só ontem, declarou o Exército dos Estados Unidos. Mais cedo, dois soldados americanos haviam morrido e outros três ficaram feridos também em Bagdá.

A organização Tawhid al Yihad (Monoteísmo e Guerra Santa), de Zarqawi, conta com um número considerável de integrantes no Iraque, segundo um informe do serviço secreto iraquiano. De acordo com o relatório, o grupo é composto por cerca de ''1.000 a 1.500 pessoas de nacionalidade iraquiana, mas também conta com integrantes estrangeiros provenientes de países árabes e muçulmanos, alguns dos quais especialistas em explosivos e armamentos de todos os tipos''. Já a guarda pessoal do chefe da Al Qaeda no país é integrada por homens ligados a ele há vários anos e que não seriam iraquianos.

O relatório afirma que o estado-maior do Monoteísmo e Guerra Santa é composto por nove emires e a base da organização fica na cidade sunita rebelde de Faluja.

Entre os elementos mais ativos da organização, o relatório destaca Abu Ali, um ex-militar libanês especializado em mísseis e que trabalhou para o exército do presidente iraquiano Saddam Hussein. Ali teria morado na Dinamarca antes de ir para o Iraque.

Um dos homens mais próximos a Zarqawi era Mahdi al-Chami, que teria sido assassinado em Bagdá. Segundo o jornal jordaniano Al Ghad, Abu Anas al-Chami morreu num ataque com foguete no dia 17 de setembro do ano passado, ao lado de outros membros do grupo, durante uma operação militar americana na região de Abu Ghraib, Oeste de Bagdá.

O conhecimento sobre a rede teria surgido após a captura de Omar Bayzani, o emir de Bagdá, que teria feito importantes revelações. O relatório afirma, ainda, que o grupo conta com cerca de 500 combatentes em Faluja, 400 em Mosul e 50 em Bagdá. O restante está dividido, localizando-se na província ocidental de Al-Anbar, palco de violentos combates nos últimos dias, em Samarra e na província de Diyala. Outros 150 estão mobilizados próximo à fronteira com a Síria.

''O movimento possui refúgios e esconderijos de armas conhecidos apenas por Zarqawi e outros homens mais próximos do líder da organização'', acrescenta o informe.

Zarqawi pretender tornar o Iraque ''um inferno para sua população e para estrangeiros, além de tentar evitar a instauração de um poder legítimo no país'', conclui o texto.