Título: Preservativos chegam com atraso
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 24/01/2005, País, p. A6

Governo federal culpa fornecedores estrangeiros e promete distribuição antes do carnaval

BRASÍLIA - A distribuição de parte dos 300 milhões de preservativos comprados no ano passado pelo Ministério da Saúde para a campanha contra a Aids no carnaval está atrasada em mais de um mês. Segundo o coordenador-adjunto de DST/Aids, Ricardo Pio Marins, as camisinhas deveriam ter sido enviadas a estados e municípios até 17 de dezembro, mas houve atraso dos fabricantes estrangeiros.

- Algumas compras foram reprovadas pela qualidade dos preservativos ou por problemas técnicos da distribuição das camisinhas, mas os preservativos chegarão até 10 dias antes do carnaval - prometeu.

Da meta de 200 milhões, o Ministério da Saúde entregou 5 milhões de preservativos. Outros 6,3 milhões devem ser repassados até hoje, quando o governo receberá 28 milhões de camisinhas. Quase todos os preservativos distribuídos pelo governo são importados e a certificação de qualidade é um dos fatores que atrasa o repasse. Na semana passada, o Ministério da Saúde recebeu um lote de 11 milhões de camisinhas, das quais 7 milhões foram reprovadas.

- Quando esses preservativos chegam, precisam ser certificados por critérios brasileiros e, às vezes, vêm fora da especificidade. Numa compra grande, que esperávamos que chegasse para abastecer o país, tivemos um problema sério: quase 70% dos preservativos foram reprovados por motivos técnicos. Temos um cronograma para entregar os lotes a estados e municípios e, quando alguma coisa desse tipo acontece, acabamos atrasando - explica Marins.

Parte das camisinhas vem de empresas da Ásia, que desde a tragédia provocada pelo maremoto na região, em dezembro passado, têm pedido o aumento de prazo para entregas. Segundo Marins, ''a maior parte dos preservativos usados no Brasil é importada porque os preços internacionais são muito mais baixos''. O Brasil paga R$ 0,05 por preservativo importado.

Mesmo com as dificuldades, o Ministério da Saúde espera distribuir 700 milhões de camisinhas este ano. Para isso, estima gastar R$ 39 milhões. Em 2004, a meta era entregar 400 milhões de preservativos, mas o número não passou de 150 milhões. O déficit na distribuição e o atraso na entrega têm gerado reclamações de ONGs.

- Recebemos cartas de Pernambuco, Rio Grande do Norte e de ONGs de Minas Gerais, que criticam a falta de preservativos - conta o presidente do Fórum de ONGs/Aids de São Paulo, Rubens Duda.