Título: À procura de novos sócios
Autor: Daniele Carvalho e Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 13/01/2005, Economia, p. A19

Vale e Thyssen buscam parceiro e isenções fiscais para projeto que pretende fazer do Rio líder na produção de aço

Depois de atrair a alemã ThyssenKrupp para a parceria na construção da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) no Rio de Janeiro, a Vale do Rio Doce quer agora o BNDES como sócio do projeto, que será erguido em Itaguaí. A intenção da mineradora é fazer com que o banco não participe apenas como financiador da usina, mas também como sócio. De acordo com o presidente da Vale, Roger Agnelli, a mineradora deverá ter, inicialmente, participação de 30% no projeto, que abrange a usina siderúrgica, uma coqueria e uma termelétrica, além de investimentos no porto e em ferrovias. O restante da participação seria da Thyssen.

- Este percentual pode ser flexibilizado em função de investimentos periféricos - comentou o executivo durante a assinatura do protocolo de intenção entre a Vale e a Thyssen, ontem no Rio.

A siderúrgica, orçada em US$ 2,3 bilhões, vai triplicar a produção de aço no Rio de Janeiro, levando-o à posição de maior fabricante latino-americano de aço. A primeira placa da usina está prevista para 2008, com a capacidade total, de 4,4 milhões de toneladas/ano, sendo atingida em 2009. Com a entrada em operação da CSA, o Rio de Janeiro passará à posição de maior produtor siderúrgico na América Latina.

De acordo com Agnelli, o projeto da CSA vai ao encontro da estratégia da Vale, que é de atrair investidores do setor de siderurgia para o Brasil. Desta forma, a empresa garante o fornecimento de matéria-prima de suas minas para a produção.

- A Vale é uma empresa de mineração, logística e energia. Não queremos ser concorrentes de nossos clientes - acrescentou.

Já para o presidente mundial da ThyssenKrupp, Karl Köeler, o principal atrativo do projeto está no custo do minério de ferro. Com produção da própria Vale do Rio Doce, o transporte da matéria-prima ficará mais barato, o que favorece o investimento pesado na Companhia Siderúrgica do Atlântico. Serão cerca de US$ 1 bilhão desembolsados pela companhia alemã.

Durante a cerimônia, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, disse que o governo está disposto a dar diferenciação fiscal a equipamentos que deverão ser importados para a construção da usina.

- Um projeto desta monta tem impacto de carga tributária muito alto. O investimento gera renda e novos impostos - avalia Agnelli.

A questão tributária deverá figurar entre os assuntos da reunião que o presidente da ThyssenKruup terá hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.