Título: Nota do Brasil deve subir
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Fonte: Jornal do Brasil, 13/01/2005, Economia & Negócios, p. A21

Moody's eleva para 'positiva' a perspectiva da dívida do país

A agência de classificação de risco Moody's indicou ontem que pode melhorar a nota (rating) da dívida brasileira em moeda estrangeira. A perspectiva passou de ''estável'' para ''positiva''.

Em setembro do ano passado, a Moody's havia elevado o rating do Brasil, que hoje é ''B1'', nível ainda considerado especulativo e que deixa o Brasil a quatro degraus do investment grade, quando um país é melhor avaliado pelos investidores e consegue captar com os juros mais baixos.

Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, a Moody's ratificou a percepção que já vinha sendo trabalhada pelo mercado desde o fim de 2004.

Segundo ele, tal quadro pode ser verificado pelo aumento do volume de investimentos estrangeiros no mercado nacional de renda fixa. Newton disse que há sinais de uma mudança no perfil do investidor, que está comprando títulos brasileiros para montar uma posição e mantê-la.

- Isso mostra confiança no Brasil - comentou.

Em comunicado, a Moody's citou a melhora dos indicadores que medem a vulnerabilidade da economia brasileira às crises externas.

Entre eles, estão o saldo recorde da balança comercial, a redução da parcela da dívida atrelada ao dólar - atualmente em torno de 10% - e o esforço fiscal do governo para cumprir a meta de superávit primário, de 4,25% do PIB, para pagamento de dívida.

A notícia de que a Moody's cogita elevar o rating da dívida brasileira aumentou a confiança dos investidores no país. O risco-Brasil operava, à noite, em expressiva queda de 3,23%, com 419 pontos-base.

Ontem, o dólar comercial recuou 0,84%, e fechou cotado a R$ 2,697 para compra e R$ 2,699 para venda, mesmo depois de o Banco Central ter realizado leilão de compra da moeda americana pela manhã, quando a cotação estava pouco acima de R$ 2,70. Mas o câmbio não resistiu ao anúncio da Moody's, além de ter sido influenciado pelo resultado da balança comercial dos Estados Unidos em novembro, que teve déficit de US$ 60,3 bilhões, bem acima da expectativa de US$ 54 bi, o que aumentou as apostas em relação à manutenção de um dólar fraco para incentivar as exportações americanas.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) também refletiu o otimismo dos investidores e, depois de operar em queda durante boa parte do pregão, inverteu a tendência depois do anúncio da Moody's e fechou em alta de 0,57%, com 24.509 pontos e volume financeiro de R$ 1,3 bilhão.