Título: Aniversário sem festa na pasta do social
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Fonte: Jornal do Brasil, 24/01/2005, País, p. A4

Em meio a críticas à execução do Bolsa Família, carro-chefe da política social do governo federal, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) comemorou ontem, sem festa, seu primeiro aniversário. Na quinta-feira passada, o governo anunciou a criação de uma força-tarefa para fiscalizar irregularidades no programa, com participação da Corregedoria-Geral da União e dos ministérios públicos federal e estaduais.

Reportagem publicada ontem pelo Jornal do Brasil mostrou que o Bolsa Família ainda não chega à maior parte dos moradores de Brasília Teimosa, no Recife. A favela esteve no roteiro da caravana promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003 para mostrar aos ministros as áreas mais pobres do país.

De acordo com dados do MDS, o programa distribui renda a cerca de 6,5 milhões de famílias em 5.533 municípios. No Recife, que tem mais de dois terços da população de 1,5 milhão de habitantes vivendo abaixo da linha da pobreza, beneficia 41.990 famílias, num total de R$ 2,37 milhões em repasses mensais. A capital pernambucana é a terceira maior beneficiária do Bolsa Família no Nordeste, atrás de Salvador (84 mil famílias) e Fortaleza (75 mil).

As dificuldades no cadastro atingem moradores removidos dos barracos de palafita em Brasília Teimosa, obra que consumiu cerca de R$ 8,5 milhões de investimentos do governo federal. Moradores da favela contaram ao JB que continuam sem receber o benefício após várias tentativas de inscrição. Entre os beneficiários do Bolsa Família, a espera pelo primeiro repasse chega a três anos.

- A fila é inevitável. Não temos condição de atender a todos os pedidos - reconhece o prefeito João Paulo (PT), que cede agentes municipais para o cadastramento.

Amanhã, em Brasília, o ministro Patrus Ananias fará um balanço de sua gestão à frente da pasta, criada para unificar as políticas sociais do governo. A meta do MDS para o ano é atender 8,7 milhões de famílias com renda mensal inferior a R$ 100 por pessoa, com a exigência de manter os filhos na escola