Título: A força dos pequenos exportadores
Autor: Sabrina Lorenzi, Daniele Carvalho e Carolina Quint
Fonte: Jornal do Brasil, 14/01/2005, Economia, p. A17

Dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que triplicou o número de empresas que exploram o mercado externo

A era da diversificação das exportações vai além de destinos e produtos. O número de exportadores estreantes triplicou, de acordo com dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. No ano passado, 1.020 empresas passaram a vender para o mercado externo. Em 2003, somente 336 empresas exploravam este nicho.

- Tão importante quanto o crescimento das vendas externas é o aumento da base exportadora de produtos, destinos e empresas - afirmou o diretor do Departamento de Operações de Comércio Exterior (Decex) do Ministério, Edson Lupatini, que abriu o Seminário Comércio Internacional - Os Mecanismos de Apoio ao Exportador, promovido pelo Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil e pela revista Forbes Brasil.

Do total de estreantes, cerca de 900 são pequenas e microempresas, o que corresponde a quase 90% do total. Segundo Lupatini, o movimento reflete o acerto da política de apoio do governo aos novos exportadores, ampliando o leque de empresas nacionais que vendem no exterior.

Além de novas empresas, ganharam o mundo os novos produtos brasileiros. Entre as 600 novidades da pauta de exportação constam embarcações, óleo de fígado de peixe, teares para tecidos, medicamentos e instrumentos de telecomunicações.

As exportações de produtos manufaturados saltaram no ano passado 23,4%, número bem acima da média de matérias-primas (14,2%) e de semi-elaborados (7,5%). Os bens de maior valor agregado só não foram as vedetes de 2004 porque os preços no mercado internacional privilegiaram os produtos básicos. As commodities encareceram em média 17,5% ao longo do ano, enquanto os preços dos manufaturados subiram apenas 7,1%.

- O Brasil está menos vulnerável a preços de commodities, aumentando o volume exportado em todas as categorias - resumiu Lupatini.

No ano passado, o Brasil vendeu ao exterior mais 70% em aviões, 26% de automóveis, 90% em tratores. Dos US$ 96,475 bilhões que o país exportou, US$ 55 bilhões foram de bens manufaturados, US$ 28,5 bilhões resultaram das vendas de insumos e outros US$ 13,5 bilhões referem-se a semi-manufaturados.

O caminho das mercadorias também passou por mudanças, como mostra o salto de vendas para países até então com corrente de comércio inexpressiva. As exportações cresceram mais de 1.000% para a Libéria, 270% para a Polônia, 614% para o Sudão e 141% para a Venezuela.

O seminário contou ainda com a participação do presidente da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), Manoel Felix Cintra Neto, do secretário de Desenvolvimento do Estado do Rio, Humberto Mota, e da economista Lia Valls Pereira, da Fundação Getúlio Vargas, além de especialistas em comércio exterior e representantes do governo.

Cintra Neto, da BM&F, ressaltou a importância do mercado financeiro no financiamento aos exportadores, mas lembrou que ainda há margem para forte expansão.

- O giro financeiro dos contratos da BM&F equivale a cerca de oito vezes o PIB brasileiro, mas ainda está abaixo da média mundial, que é de 20 vezes o PIB - afirmou.