Título: Indústria estagnada no BNDES
Autor: Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 14/01/2005, Economia, p. A17

Os indicadores que apontaram acomodação da indústria nos últimos meses tiveram mais um reforço, a julgar pelos números de desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no ano passado. Enquanto os investimentos avançaram 14%, passando de R$ 35 bilhões em 2003 para R$ 40 bilhões, os recursos aplicados em fábricas apresentaram um recuo de 2%, fechando em R$ 15,7 bilhões contra R$ 16 bi no ano anterior. No balanço final, houve uma sobra de R$ 7 bilhões no caixa do banco. Para R$ 2005, o BNDES terá R$ 60 bilhões para conceder em financiamentos. - A demanda que esperávamos ver na indústria não se efetivou - constatou Aluysio Asti, superintendente de planejamento do BNDES. - A reação do setor só ocorreu no fim do ano, quando os empresários começaram a nos procurar.

Um dos termômetros da disposição do empresariado, de todos os setores, o número de consultas avançou 121%, somando R$ 98 bilhões. Já o ritmo de aprovações caiu 6% em relação a 2003, somando R$ 37,8 bilhões. Asti minimiza a relevância do dado.

- Isso não diz muita coisa. Pode ser que o que faltou no ano passado seja compensado em uma única reunião de diretoria do banco - acredita.

Outra surpresa no boletim é a indicação dos recursos destinados a linhas de exportação. Apesar do bom desempenho do setor, as empresas tiveram uma queda de 4% nos recursos, que somaram R$ 3,8 bilhões.

- Neste indicador, não devemos nos pautar pelo volume de investimentos - justificou Asti. - Procuramos favorecer a exportação de produtos de alto valor agregado, que sofrem concorrência forte lá fora, e aqueles em busca de novos mercados.

Na área social, cuja importância dentro da política de concessão de recursos poderia ser deduzida, em tese, pelo nome do banco, os desembolsos avançaram em uma taxa 3 pontos percentuais abaixo do desembolso total, registrando 11%. O montante investido chegou a R$ 2,29 bilhões, ou 5,7% do total.

Já o setor de infra-estrutura foi o que mais avançou em volume de investimentos, com expansão de 52% em relação a 2003, somando R$ 15,17 bilhões.

- O segmento de energia, compreendendo energia elétrica, petróleo e gás, têm sido alvo de volume grande de recursos. São segmentos que têm chegado até nós - aponta Asti, comentando que os investimentos em energia aumentaram 29%, somando R$ 6,5 bilhões.