Título: Na fila, 200 à espera de moradia
Autor: Rafael Baldo
Fonte: Jornal do Brasil, 15/01/2005, Brasília, p. D3

Para os militares da Marinha, a ocupação sempre foi em caráter excepcional e temporário. O termo de conduta permite um tempo de permanência de até seis anos, informação divulgada desde o começo do contrato, segundo comandante José Álvaro Donato, do Centro de Instrução e Adestramento de Brasília (CIAB). - No começo da década de 90, o CIAB tinha apenas trinta funcionários. Hoje, alcançamos 200 militares e uma lista de espera de mais 200 aguarda a liberação dos PNR - afirma o comandante.

Atualmente, o DF possui 1.582 moradias destinadas ao uso de militares. O ideal para a região seria 1.900 PNR, segundo o comandante Donato. Por este motivo, a lista de oficiais aguardando as casas desocuparem chega a três anos de espera.

- Mas também não vamos entrar na casa com fuzil ou expulsar ninguém. O que se deve fazer é honrar o termo de ocupação assinado quando os moradores entraram nos imóveis - reforça Donato.

A polêmica está em como desocupar as casas sem prejudicar os servidores e em atender a demanda dos militares encaminhados para a região. Quando aos PNR desocupados, uma reforma está sendo feita para ampliar os imóveis mais antigos, garante o comandante. Assistência, segundo ele, sempre foi oferecida aos servidores.

- Todo ano enviamos cartas oferecendo financiamentos pelo fundo de compra de casa própria da Marinha, que tem taxas mais acessíveis. Todos que entraram com o mandato de segurança jamais procuraram a ajuda ou vieram falar com o chefe para discutir o problema - afirma Donato.

Apesar da polêmica, os civis são considerados como parte da família da Marinha. A instituição critica o ''comodismo'' de alguns servidores, incapazes de entender o comprometimento de ocupação dos PNR.

- Existe um pouco caso com a situação, até acomodação. Falta iniciativa para procurar outros lugares ou o financiamento da própria Marinha. Já que eles não estão fazendo isso, nós fomos obrigados a fazer por eles - diz Donato.

Com a decisão provisória do STJ, a Marinha vê um longo caminho até a definição da situação na Área Alpha. A única medida, caso os moradores não saiam nas datas estipuladas, é o envio de uma mova carta renovando o prazo e exigindo explicações.

- Meu comando vai até janeiro de 2006. Não tenho dúvidas que este caso vai se arrastar por muito tempo. Entendemos a dificuldade dos servidores, mas eles não podem ficar em berço esplêndido às custas da Marinha - diz Donato.