Título: Abbas toma posse
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Fonte: Jornal do Brasil, 16/01/2005, Internacional, p. A8

Cerimônia foi marcada por ataques de Israel e extremistas

Mahmoud Abbas, que no domingo passado venceu as eleições para a presidência da Autoridade Nacional Palestina (ANP), prestou juramento ontem, um dia depois de Israel ter rompido relações recém-retomadas com a liderança palestina.

O sucessor de Yasser Arafat, que morreu em novembro, aproveitou o discurso de posse para pedir um cessar-fogo entre Israel e os militantes palestinos. O motivo do rompimento de Tel Aviv foi o atentado feito por três grupos (o Hamas, os Comitês de Resistência Popular e as Brigadas dos Mártires al Aqsa) na quinta-feira, contra Karni, na Faixa de Gaza. Seis civis israelenses morreram e o primeiro-ministro Ariel Sharon acusou Abbas de não fazer nada para conter ''o terrorismo''.

- Nossas mãos estão estendidas ao parceiro israelense, para fazer a paz - disse o presidente da ANP, logo após jurar o cargo.

Entretanto, no momento da cerimônia em Ramala (Cisjordânia), tropas de Israel e militantes palestinos entraram em confronto na Faixa de Gaza. Seis palestinos, alguns armados, morreram. Segundo o Exército, quatro foram alvejados quando as tropas israelenses ficaram sob fogo na Cidade de Gaza. Outros dois palestinos foram mortos em Rafah, perto da fronteira com o Egito.

O revide veio com um ataque de foguete contra a cidade de Netzarim, a Norte de Gaza. Uma criança israelense ficou seriamente ferida: perdeu o braço no ataque.

- Condenamos todas estas ações, sejam das forças de ocupação israelense ou reações de algumas facções palestinas - disse Abbas. - Isto não ajuda com a calma necessária para chegar a um crível e sério processo de paz. Buscamos um cessar-fogo para acabar com este círculo vicioso.

Mesmo condenando os ataques, o presidente da ANP não mencionou qualquer iniciativa para acabar com os grupos extremistas, como exige Israel.

- A verdadeira questão é que tipo de mensagem as palavras de Abbas têm para os grupos terroristas. Claramente, elas são insuficientes - criticou o conselheiro de Sharon, Dore Gold.