Título: Um reforço para a exportação
Autor: João Henrique de Sousa
Fonte: Jornal do Brasil, 20/01/2005, Opinião, p. A8

Os Correios vêm se tornando um importante agente do comércio exterior brasileiro

Em meio a cartas, telegramas, malotes, encomendas Sedex, mala direta, filatelia, operações do Banco Postal, remessas de mensagens pelo correio híbrido, operações de logística integrada, dentre outros serviços, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos vem se tornando, ano após ano, um importante agente do comércio exterior brasileiro, por meio dos seus dois serviços: o Exporta Fácil e o Importa Fácil.

Com o Exporta Fácil, pequenos exportadores e artesãos podem remeter pelos Correios mercadorias com valor unitário de até US$ 10 mil, bastando para isso que o exportador preencha um único formulário, que servirá para o registro das informações da exportação no Siscomex - Sistema Integrado de Comércio Exterior. Este formulário está disponível em todas as agências dos Correios e também no site www.correios.com.br. Os Correios cuidam do desembaraço alfandegário no Brasil, com a emissão do Certificado de Exportação, que retorna ao exportador em qualquer lugar do país, sem que ele precise se deslocar até as cidades que disponham de autoridades alfandegárias para liberar as remessas. Até o recebimento no Brasil do valor exportado pode ser feito pelos Correios; basta o importador utilizar o serviço de Vale Postal Internacional, para remessas de valor via postal.

O número e o valor das remessas vêm crescendo, à medida em que mais e mais o serviço vem sendo conhecido e utilizado pelos pequenos exportadores. Em 2003, foram 19 mil remessas, no valor de R$ 35 milhões e em 2004, o total deve ultrapassar 20 mil, com cerca de R$ 44 milhões de mercadorias vendidas.

Mais que mostrar os números acima, deve-se ressaltar o que o Exporta Fácil significa para a formação e a consolidação da cultura exportadora para as pequenas empresas no processo de sua progressiva inserção no comércio exterior do Brasil. Sabemos que essa participação ainda é baixa, sobretudo quando comparados os números com alguns países, como Itália, Estados Unidos e México, onde as pequenas e médias empresas contribuem com mais de 50% da pauta de exportações.

Nesse sentido, o Exporta Fácil vem servindo para mostrar que exportar não é algo tão difícil. Desde o seu lançamento, em novembro de 2000, seis mil microempresas já utilizaram o serviço; em 2003, foram 2,5 mil e em 2004, 3,2 mil.

Os preços da postagem das remessas altamente competitivos e a rede de distribuição no exterior são outras duas vantagens competitivas. O serviço oferece quatro modalidades de entrega, com prazos e preços diferenciados: o Sedex Mundi e as modalidades expressa, prioritária e econômica, salientando-se que a expressa possibilita o rastreamento da mercadoria desde a origem e para a maior parte de seus destinos, enquanto que o Sedex Mundi tem rastreabilidade total, atendimento ativo e até mesmo devolução dos valores pagos em caso de atraso na entrega, pois o serviço tem prazo garantido. Para realizar a entrega no exterior, os Correios contam com a parceria dos mais de 190 correios do mundo que integram a comunidade postal coordenada pela União Postal Universal, uma das agências especializadas da ONU.

Se para apoiar as exportações os Correios têm o Exporta Fácil, para importar, foi criado o Importa Fácil. Num primeiro momento, esse serviço está atendendo apenas a comunidade científica do país, para, posteriormente, ser estendido a todos os brasileiros. Com o Importa Fácil Ciência, pesquisadores e cientistas podem importar máquinas, equipamentos e insumos para uso em pesquisa, com valor unitário de até U$ 10 mil, com isenção de impostos federais, agilização dos trâmites alfandegários e entrega em qualquer endereço no país.

E, para tornar as transações mais ágeis e seguras, os Correios estão modernizando o seu serviço de Vale Postal Internacional. Em março, a Empresa irá lançar o Dinheiro Certo, inicialmente, operando com o Japão, França, Portugal e Suíça, pelo qual as remessas de valores serão feitas eletronicamente, e não mais por meio de documentos em papel. Com isso, exportadores, importadores e, sobretudo, pessoas e empresas que, por outros motivos, precisam enviar e receber dinheiro do estrangeiro passarão a contar com mais essa facilidade, a preços bem inferiores aos atualmente praticados no mercado de remessas internacionais de valores. Para se ter uma idéia da importância desse serviço, atualmente, brasileiros que moram no exterior enviam para o Brasil, todos os anos, cerca de US$ 5,2 bilhões. Com a sua vasta capilaridade no território nacional e sua presença internacional, por meio dos seus parceiros lá fora, não resta dúvida que os Correios podem e devem ter uma importante contribuição a prestar ao Brasil nesse setor.