Título: Blair crê em postura multilateral
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 21/01/2005, Internacional, p. A8

Europeus estão otimistas sobre política externa dos EUA nos próximos quatro anos. Árabes estão apreensivos

LONDRES - A política externa do segundo mandato do presidente George Bush já gera expectativas. De acordo com o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, o presidente americano aprendeu algumas lições na primeira gestão e adotará uma postura ''mais multilateral que a anterior''.

Segundo Blair, o processo de aprendizado, iniciado com a guerra contra o Afeganistão, mostrou a Bush a importância de usar outras medidas, além da força bruta, para fazer do mundo um lugar mais seguro.

Blair deseja avançar em assuntos como o perdão das dívidas de países africanos e a assinatura dos EUA ao Protocolo de Kyoto, que visa ao corte das emissões de gases que causam o efeito estufa. Blair também minimizou as chances de os Estados Unidos invadirem o Irã, que acusam de tentar obter armas atômicas.

As expectativas de árabes e muçulmanos em relação ao novo mandato do presidente Bush não são tão otimistas. Os políticos falam na ''necessidade de uma mudança'' radical na política externa de Washington, após quatro anos de violência nos territórios palestinos e das guerras do Afeganistão e do Iraque.

- Acho que o sentimento generalizado é de pessimismo. Poucos esperam mudanças significativas. Mas ninguém quer perder as esperanças - assegura Emad Eldin Shahin, professor de Ciências Políticas da Universidade Americana do Cairo.

- Mas serão as eleições no Iraque e a transição deste país para a democracia que demonstrarão aos árabes e muçulmanos se podem confiar em Bush - acrescentou Yasser Ziad, escritor egípcio.

A União Européia (UE) espera uma parceria mais bem-sucedida com Bush. O alto representante de Política Externa da UE, Javier Solana, afirmou que os europeus e o novo governo americano esperam ''dar um enfoque pragmático'' a suas relações, destinadas a resolver os problemas mundiais.

- Entre os EUA e a UE pode haver algumas diferenças de percepção, mas interessa a ambos e à comunidade global que haja um trabalho conjunto. -ressaltou Solana.

Durão Barroso, presidente da Comissão Européia, considerou ''um sinal muito positivo'' o fato de Bush ter decidido ir à Europa no início do segundo mandato.