Título: Investimento externo soma US$ 18 bi em 2004
Autor: Gabriela Valente
Fonte: Jornal do Brasil, 21/01/2005, Economia, p. A18
Exportações puxam recorde em transações de bens e serviços
Os investimentos estrangeiros diretos no Brasil foram de US$ 18,166 bilhões em 2004, alta de 80% frente a 2003 (US$ 10,144 bilhões). A previsão inicial para o ano era de US$ 11 bilhões, mas havia sido revisada pelo Banco Central mês passado para US$ 18 bi. No entanto, cerca de US$ 5 bilhões são referentes à operação feita entre a Ambev e a Interbrew, que conta como entrada direta de investimento, embora seja uma troca de ações. Segundo o chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central (Depec), Luiz Sampaio Malan, o resultado não é recorde, mas representa uma ''forte reação da economia''.
Em 2004, os ingressos líquidos de participação no capital somaram US$ 18,570 bilhões e as saídas líquidas de empréstimos entre companhias totalizaram US$ 405 milhões.
A previsão do BC para este mês é de US$ 1,2 bilhão de investimentos estrangeiros diretos para o país. No mesmo mês do ano passado, esse montante foi de US$ 993 milhões. Até hoje, segundo Malan, já ingressaram no País US$ 890 milhões. No total, a conta capital e financeira registrou déficit de US$ 7,310 bilhões em 2004. No entanto, em dezembro, o resultado foi superavitário em US$ 1,474 bilhão.
Já os gastos de estrangeiros no Brasil em 2004 chegaram a US$ 3,2 bilhões (R$ 8,7 bilhões), contra US$ 2,4 bilhões em 2003, de acordo com com o Banco Central. Mas os brasileiros também gastaram mais no exterior: US$ 2,8 bilhões (R$ 7,6 bilhões), contra US$ 2,2 bilhões em 2003. Assim, o saldo do turismo foi de US$ 200 milhões em 2003 para US$ 400 milhões em 2004.
Para o governo, o crescimento dos gastos dos estrangeiros está associado à profissionalização do turismo e à melhora do atendimento ao turista.
- Em termos internacionais, hoje existe um maior conhecimento dos locais turísticos do Brasil - afirmou Malan.
No total, a conta de transações correntes - que inclui todos os bens e serviços negociados com outros países, inclusive os gastos de turistas - teve o melhor resultado da série histórica iniciada em 1947. Houve superávit de US$ 11,699 bilhões em 2004. O montante acumulado no ano representa 1,94% do Produto Interno Bruto (PIB). No ano passado, a conta corrente teve superávit de U$ 4,177 bilhões.
Em 58 anos, o superávit nas transações correntes só foi verificado nove vezes. O bom resultado deste ano se explica, em parte, pelo desempenho da balança comercial, que também teve um superávit recorde. No ano passado, as exportações brasileiras superaram as importações em US$ 33,693 bilhões.
Em 1992, última vez em que houve um superávit em transações correntes, o Brasil estava em recessão - o PIB encolheu 0,54% naquele ano. De acordo com Malan, a diferença deste resultado para outros similares na história é o momento de crescimento vivido pela economia brasileira.
- O importante é que esse resultado foi acompanhado de crescimento econômico - afirmou.
O balanço global de pagamentos fechou o ano no azul. O superávit foi de US$ 2,244 bilhões. Em dezembro, o saldo positivo ficou em US$ 2,352 bilhões. Entretanto, em 2003 o saldo era muito maior: US$ 8,496 bilhões.
Segundo Malan, a projeção do Banco Central para a conta corrente é de saldo zero em janeiro. Já os investimentos externos devem chegar US$ 14 bilhões.