Título: Aumenta pressão sobre as Farc
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Fonte: Jornal do Brasil, 03/04/2008, nternacional, p. A21

França lança missão e filho de Ingrid diz que mãe necessita de transfusão de sangue urgente

Duas ações foram lançadas ontem para pressionar as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) a libertar a ex-candidata à Presidência Ingrid Betancourt, há mais de seis anos no cativeiro: o governo francês confirmou, em breve comunicado, o início da missão humanitária para prestar assistência médica aos seqüestrados, e o filho da franco-colombiana afirmou que a mãe sofre de hepatite B, e que "necessita de transfusão de sangue dentro de horas".

E à noite, num indício de que o tempo para libertação pode estar curto demais, a senadora Piedad Córdoba foi chamada com urgência na embaixada da França para falar sobre a missão. Segundo o jornal El Tiempo , Piedad disse ter informações, recebidas em telefonemas, de que Ingrid está mal de saúde.

A França publicou o comunicado de duas linhas no site do Palácio do Eliseu, dizendo tratar-se de uma missão dos três países mediadores ¿ Espanha, França e Suíça ¿ em favor de Ingrid, que também tem nacionalidade francesa.

Algumas horas antes, o governo colombiano anunciou que a missão humanitária organizada pela França estava "em andamento".

O porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) na Colômbia, Yves Heller, confirmou em Genebra que a entidade mantém "diálogo confidencial" com as Farc para libertar Ingrid e outros reféns.

Mas Heller afirmou que o CICV não recebeu "até o dia de hoje nenhum pedido das Farc para participar de uma possível libertação de Ingrid Betancourt".

Combatividade

Em entrevista em Paris, o filho de Ingrid, Lorenzo Delloye, chamou atenção para o estado "muito grave de sua mãe". Delloye destacou que Ingrid começou uma greve de fome no dia 23 de fevereiro ¿ data do sexto aniversário da captura ¿ e que recusava a tomar remédios.

¿ Ela não perdeu nem uma pitada de sua combatividade ¿ cravou Delloye. ¿ Irá até o fim. É hora de as Farc, do governo colombiano e da comunidade internacional fazerem algo.

As declarações vão de encontro com as da irmã de Ingrid, Astrid Betancourt, que não acredita que a refém esteja em greve de fome, como algumas fontes indicaram nos últimos dias.

¿ Na carta que enviou a minha mãe dizia que tinha problemas para se alimentar, o que não quer dizer que esteja fazendo uma greve de fome ¿ assinalou Astrid, alegando que Ingrid pode ter rejeitado alimentos por problemas de saúde, não por decisão voluntária. ¿ Ingrid não se deixará morrer porque ama seus filhos, sua mãe e a si mesma.

A representante do CICV na Colômbia, Barbara Hintermann, afirmou ao jornal colombiano El Tiempo que o órgão "não tem informações sobre o estado de saúde" de Ingrid, rebatendo as versões de autoridades civis e da Igreja Católica de que a ex-candidata à Presidência sofre de hepatite B e leishmaniose.

Hintermann acrescentou que a missão médica é "iniciativa da França e da Suíça, e que o CICV não está envolvido no momento".

¿ Precisamos de um acordo de todas as partes para atuar ¿ lembrou, completando que o CICV está disposto a facilitar qualquer iniciativa para libertar os reféns".