Título: Genoino diz que partido diverge do MST
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Fonte: Jornal do Brasil, 25/01/2005, País, p. A3

O presidente nacional do PT, José Genoino, afirmou ontem que o partido respeita o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mas diverge de seus métodos.

- Considero que é fundamental que o governo continue negociando com eles. Nem aceitamos a criminalização dos movimentos sociais nem concordamos com tudo o que o MST proclama ou defende - afirmou, em entrevista à página do partido na internet.

No mesmo dia, mais um funcionário das fazendas Rio Verde e Pampulha, em Canaã dos Carajás (850 km de Belém), foi seqüestrado por sem-terra, segundo a Polícia Civil do Pará. Dois funcionários das fazendas foram mantidos reféns durante quatro dias pelos sem-terra ligados à Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri) que invadiram a fazenda. Os dois foram libertados sábado.

Ontem, segundo o delegado Aurélio Paiva, o operador de trator José da Silva Santos foi feito refém e levado para um dos acampamentos dos sem-terra nas fazendas. Cerca de 500 famílias vivem no local, invadido desde 2003.

A juíza Rosa Moreira da Fonseca, da Comarca de Paraupebas (PA), relaxou as prisões de três sem-terra ligados à Fetagri acusados de seqüestrar e manter em cárcere privado os outros dois funcionários.

O clima é tenso nas fazendas -com cerca de 6 mil hectares - desde a última quarta-feira, quando o proprietário, Célio Carneiro, determinou o desmatamento de uma pomar de árvores frutíferas.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) afirmou que o desmatamento seria para desestabilizar os acampamentos. O proprietário das fazendas não foi encontrado para comentar a versão. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária anunciou que quinta-feira fará reunião com representantes da Fetagri, da CPT e a da Ouvidoria Agrária Nacional.

- Procuraremos uma alternativa para as famílias que estão acampadas - disse José Batista Gonçalves, da CPT de Marabá, no Pará.

Com apenas nove policiais, o delegado da Polícia Civil pediu reforço da Polícia Militar na região para solucionar o conflito. Ontem também, a CPT divulgou que, em Rondon do Pará (a 150 km de Marabá), um fazendeiro, sem mandado judicial, reuniu funcionários armados e despejou 30 famílias que estavam acampadas na fazenda agropecuária Rio do Ouro.