Título: FMI: alta das commodities é positiva
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/04/2008, Economia, p. A18
Em relatório, Fundo Monetário Internacional considera que países emergentes se beneficiam
Washington
É positiva a alta nos preços das commodities que vem beneficiando as economias emergentes na atual crise financeira. E, diferentemente do ocorrido em ciclos anteriores, países como o Brasil fizeram bom uso dela, por isso mostram inusitada resistência à crise atual.
É o que diz o Fundo Monetário Internacional (FMI) em mais uma etapa da divulgação bianual das perspectivas para a economia global. Indagado se uma queda nesses preços não prejudicaria países como o Brasil, que dependem pesadamente da exportação de matérias-primas, Simon Johnson, economista-chefe do Fundo, afirmou que estava "animado em geral pela resistência aparentemente maior (do que em crises anteriores) de muitos países exportadores de commodities":
¿ Eles fizeram bom uso do boom, em nossa opinião, em relação ao que aconteceu em altas anteriores, e isso deve ajudar mais adiante, seja o que for que aconteça com os preços das commodities.
Essenciais para a economia brasileira, as commodities ¿ produtos comercializados com qualidade praticamente uniforme em estado bruto ou com pequeno grau de industrialização ¿ respondem por até 60% das exportações do país.
Em 2007, os embarques de produtos básicos de origem agrícola e mineral renderam US$ 75 bilhões ao país. Para este ano, as previsões chegam perto dos US$ 100 bilhões, em razão de baixos estoques e demanda firme, puxada pelas economias emergentes, em contraponto à contração prevista nos EUA.
"A alta experimentada atualmente por esse setor da economia tem se provado mais favorável a países que dependem dele, com exportações e investimentos crescendo rapidamente, ao mesmo tempo em que governos se endividam substancialmente menos", diz trecho do estudo World Economic Outlook, do FMI.
Segundo o relatório, que terá sua íntegra divulgada dia 9, a alta nos preços das commodities foi de 75% em termos reais desde 2000, e essa situação não dá mostras de mudar, mesmo com a ameaça de recessão nos EUA.
¿ Os mercados emergentes e os países em desenvolvimento têm feito um bom trabalho de criar as bases para um crescimento sustentado de forma que, mesmo que o preço caia um pouco, isso não deve ser muito problemático para eles ¿ disse Johnson. ¿ Eles não parecem tão vulneráveis hoje como estavam em episódios anteriores.
Outras análises divulgadas recentemente têm creditado ao crescimento dos países emergentes, como o Brasil, a Índia, a Rússia e a China, um contrapeso à crise financeira atual que abate as economias desenvolvidas, lideradas pelos EUA. O Fundo não fez a relação de forma direta, mas deu a entender que constará do relatório que será divulgado