Título: A Cidade da Música por 3 hospitais
Autor: Victal, Renata
Fonte: Jornal do Brasil, 08/04/2008, Cidade, p. A10

Dinheiro gasto a mais na obra daria para contratar cerca de 26 mil médicos durante um ano

Cento e vinte e sete postos de saúde. Ou a contratação de 26.450 médicos durante um ano. Ou ainda a construção de outras três unidades do porte do Hospital de Acari, que tem 218 leitos e 26 consultórios com capacidade para atender até mil pessoas por dia. Estes são exemplos do que poderia ser feito com o excedente de R$ 381 milhões gastos na construção da Cidade da Música, cujo projeto inicial previa uma despesa total de R$ 80 milhões.

A notícia de que as obras do centro cultural funcionam 24 horas e que a prefeitura não cumpriu a decisão judicial que obriga a abertura de todos os postos de saúde dia e noite impressionou o procurador André dA Silva Ordacgy, que propôs a ação civil pública.

¿ O aspecto cultural é importante, mas a saúde é muito mais ¿ ressalta Ordacgy. ¿ Quando o prefeito prioriza uma obra e não mantém os postos abertos é porque alguma coisa está errada. É uma atitude negligente com a população.

Na próxima segunda-feira, será realizada uma audiência com o procurador, a juíza Regina Coeli Medeiros de Carvalho e o secretários municial e estadual de Saúde, Jacob Kligerman e Sérgio Côrtes, e ainda um representante do Ministério da Saúde na ciaAde. Além de explicarem os motivos para o não cumprimento da decisão judicial, os três vão ser avisados de que serão multados e que o valor ¿ R$ 10 mil para cada um deles ¿ será descontado do diretamente do salário.

¿ Já vou estar com uma petição preparada para pedir que a juíza execute a multa pelo descumprirem da abertura dos postos de saúde ¿ explica Ordacgy. ¿ Sabemos que a prefeitura tem uma responsabilidade maior em manter os postos abertos, mas as outras esferas do poder deveriam ter enviado médicos.

Explicações na CPI

Antes disso, na sexta-feira, será a vez de a prefeitura explicar na CPI da Música os gastos excessivos. Serão ouvidos o presidente da RioUrbe, Afonso Canedo, e o engenheiro João Luiz Reis da Silva, responsável pela obra. Também prestará depoimento a secretária municipal de Fazenda, Fátima Machado Barros. Na avaliação do vereador Rubens Andrade, membro da comissão, há muito a ser esclarecido:

¿ Nós votamos na Câmara uma autorização para a prefeitura contrair um empréstimo no valor de R$ 25 milhões parar drenar o terreno próximo a um rio e beneficiar 50 mil pessoas ¿ reclama o vereador. ¿ Certamente, não fossem os gastos extras com a Cidade da Música, a prefeitura não precisaria do empréstimo. Sem contar que o Rio está abandonado. Precisamos de podas de árvores, de dragagem de rios, melhorar a saúde e a educação. A Cidade da Música não deve ser prioridade.

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