Título: Ameaça de apagão custa R$ 745 mi
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 18/04/2008, Economia, p. A18

Dinheiro gasto com acionamento de usinas térmicas será repassado para a conta de luz

O uso de termelétricas nos três primeiros meses do ano custará R$ 745 milhões aos bolsos dos consumidores de energia elétrica de todo o Brasil. Este foi o custo adicional do acionamento dessas usinas, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e que será repassado para a conta de luz.

Desde o fim do ano passado, por causa da falta de chuvas, o governo determinou que termelétricas a óleo e a gás ¿ mais caras e mais poluentes ¿ fossem acionadas para compensar as hidrelétricas. Segundo a Aneel, o custo adicional do uso dessas usinas em janeiro foi de R$ 31 milhões. Já em fevereiro, quando quase todas as termelétricas estavam em funcionamento, o valor ficou em R$ 268 milhões. Em março, a previsão é de que fique em R$ 446 milhões, mas o número final só será fechado na próxima semana.

Como esse valor é dividido por todas as distribuidoras do Brasil, o impacto na conta de luz deverá ser pequeno. Ontem, a Aneel começou a autorizar o repasse no reajuste de distribuidoras do Sul e do Nordeste. Para a AES Sul, por exemplo, o impacto na conta de luz será de 0,56% e para a RGE de 0,44%. As duas distribuidoras atuam no Rio Grande do Sul.

As termelétricas são acionadas quando o seu custo é menor do que o preço da energia no mercado à vista. Desde o fim do ano passado, porém, o governo determinou o funcionamento de usinas cujo custo estava acima desse preço. Técnicos da Aneel explicaram que esse valor adicional é transformado em encargo, ou seja, cobrado na conta de luz. A divisão entre os consumidores é feita proporcionalmente ao mercado de cada distribuidora.

Desligamento de usinas

Apesar de o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) ainda não ter dado a ordem formal para o desligamento das térmicas, o Operador Nacional do Sistema (ONS) já começa a reduzir o funcionamento dessas usinas, principalmente das movidas à óleo e diesel ¿ mais caras e mais poluentes. Até o dia 3 de abril, o ONS despachava entre 33 e 35 termelétricas por dia. Desde o dia 4, porém, o número caiu e varia de 20 a 25 usinas diariamente.

Desde ontem 25 usinas geraram energia. Na comparação com o dia 31 de março, por exemplo, 11 usinas foram desligadas, das quais quatro a óleo e cinco a diesel. Apenas três usinas a óleo e uma a diesel foram mantidas em funcionamento.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, o desligamento dessas usinas ainda não é definitivo e a decisão permanente será tomada na próxima reunião do CMSE, marcada para daqui a duas semanas. A assessoria do ministério explicou que a ONS tem autonomia para administrar o sistema e desligar térmicas de acordo com as chuvas, em caso de risco de a água ultrapassar a capacidade dos reservatórios das hidrelétricas.

Desde o fim do ano passado, o governo determinou o acionamento de termelétrica por causa da falta de chuva. Com a entrada das térmicas em funcionamento, os reservatórios das usinas hidrelétricas são poupadas para o período seco.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, confirmou ontem que a próxima reunião do CMSE deverá decidir pelo desligamento de todas as usinas termelétricas movidas a óleo combustível ou diesel. Acrescentou que poucas térmicas movidas a gás serão mantidas ligadas, em função do nível mais confortável dos reservatórios.

¿ Não há mais necessidade de essas térmicas ficarem ligadas, mas algumas funcionarão, só por zelo.