Valor Econômico, 30/04/2020, Datacenter, p. F5
Trabalho remoto expõe vulnerabilidades no sistema de segurança
Suzana Liskauskas
O grupo educacional Multivix, com sede em Vitória (ES) e presente em sete Estados brasileiros, com ensino presencial e EAD, migrou 1.300 colaboradores, 800 professores e mais de 27 mil alunos para o ambiente de home office assim que as medidas de isolamento social foram decretadas. A migração garantiu a continuidade das atividades administrativas eacadêmicas, mas desafiou equipes de TI a driblar os invasores virtuais.
Alessandro Ventorin, CIO do Multivix e presidente do Grupo dos Gestores de TI do ES, diz que as equipes sob sua coordenação vivenciaram dias muito difíceis até completar o trabalho de migração, que só foi bem-sucedido porque o grupo sempre fez investimentos em infraestrutura de TI para garantir a segurança da informação. Desde 2013, o grupo tem datacenter com infraestrutura hiperconvergente, que integra servidores, sistemas de armazenamento e redes, com redução de custos, escalabilidade e mais eficiência.
“Não existe nenhuma bala de prata que torne o ambiente do datacenter invulnerável. Aprendi que segurança se faz por camadas, buscando o alinhamento estratégico do negócio ao plano estratégico de TI”, afirma Ventorin.
O Multivix faz parte de um seleto time de empresas que não descuidou das questões relacionadas à segurança e à proteção do datacenter em meio à pandemia. Wagner Hiendlmayer, diretor de infraestrutura e cyber risk da Digisystem, diz que a covid-19 é uma nova ameaça para a tecnologia, por abrir oportunidades de ataques diante de um fluxo de atividade remotas nunca antes vivenciadas em todo o mundo.
“A maioria das empresas que não estavam acostumadas ao trabalho remoto não tem ferramentas para esse tipo de controle dentro dos seus datacenters. Vimos uma grande correria para licenciar VPNs (rede privada virtual, do inglês virtual private network). Poucos se debruçaram sobre as questões de segurança nessa correria para dar continuidade ao negócio, enquanto a continuidade do negócio está exatamente em não permitir que a empresa seja invadida em uma circunstância de teletrabalho”, afirma Hiendlmayer.
Dados da pesquisa IDC Brazil Data Center & Cloud, 2019, lançada no fim do ano passado, apontam que 71% da carga de trabalho processada com algum grau de criticidade, em cerca de 200 empresas brasileiras de médio e grande porte, rodam em datacenters próprios e operados por equipes internas. Segundo Luciano Ramos, gerente de pesquisa e consultoria em enterprise da IDC Brasil, no que se refere à segurança e à gestão de datacenters corporativos, a maioria das empresas está tentando aprimorar seus níveis de segurança.
“Há um aumento do interesse pelos requisitos de segurança, mesmo os mais básicos.”
Segundo Yanis Stoyannis, gerente de consultoria e inovação de cyberSecurity da Embratel, os ciberataques estão cada vez mais sofisticados, usando recursos de inteligência artificial avançada que explora o comportamento humano. Assim, pode-se reproduzir e-mails e correios de voz de executivos sem que colaboradores e terceirizados percebam a diferença.