Título: Família feita refém por 18 horas
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 16/02/2005, Rio, p. A13

Quadrilha de assaltantes seqüestra gerente de banco e tenta roubo por meio de chantagem

O gerente bancário Marcelo Andrade da Silva e sua família viveram 18 horas de medo, mantidos reféns desde a noite de segunda-feira por uma quadrilha de assaltantes. O objetivo dos bandidos era retirar dinheiro de sua agência bancária na Rua Conde de Bonfim, na Tijuca. O gerente chegou a ficar cerca de cinco horas com um cinturão de supostos explosivos, que a perícia mais tarde confirmaria serem falsos, de gesso. Segundo a polícia, o resgate de R$ 250 mil não foi pago. Um dos motivos foi a ausência do gerente-geral da agência, que estava de férias. De acordo com a polícia, Marcelo não teria autonomia para retirar tal quantia. O drama do gerente começou quando ele saía da agência do Bradesco, na tarde de segunda-feira, em direção a sua casa, na Ilha do Governador. Marcelo foi rendido em seu carro, na Avenida Maracanã, por dois homens armados em um Fiat Stylus preto, por volta das 18h30. O veículo usado pelos bandidos foi deixado no local. Eles seguiram com Marcelo até a sua residência, onde passaram a noite. Segundo a mulher do gerente, a farmacêutica Sheila Ornelas, de 32 anos, outros integrantes da quadrilha foram à casa durante a noite.

- Eu fiquei com meu filho, mas ouvi a movimentação de outras pessoas. Só mantive a calma por causa do meu filho, mas meu marido está muito estressado. Passamos a noite em claro - disse Sheila.

Durante a madrugada, os seqüestradores colocaram o cinturão com explosivos falsos em Marcelo e seguiram no início da manhã com ele, a mulher, o filho e a babá, Aparecida Romão da Silva. Segundo o delegado Márcio Franco, da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), um deles foi no banco do carona junto com Marcelo, enquanto outro foi com os parentes do gerente no carro de Sheila.

Quando chegaram à agência, por volta das 8h, o criminoso que o acompanhava desceu do carro e entrou no Corsa prata guiado por Sheila. O veículo com a família de Marcelo ficou rodando pela Tijuca. De acordo com policiais do Esquadrão Antibombas, o gerente tinha um acordo com os bandidos segundo o qual ninguém poderia desarmar a ''bomba'' antes que a família fosse libertada. Ao entrar na agência, porém, Marcelo demonstrou muito nervosismo, o que alertou os outros funcionários. O subchefe de Polícia Civil, o delegado José Renato Torres, foi avisado pela direção do banco, e logo agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais e da DRF, com apoio do helicóptero da polícia e dos bombeiros cercaram a agência bancária, que havia aberto normalmente. Cerca de 150 pessoas estavam no banco.

Porém, o cerco armado por polícia, ao que parece, intimidou os bandidos, que deixaram a família e a babá na descida do Alto da Boa Vista, na Usina.

O pai de Sheila, o advogado Pauliran Ornelas desabafou:

- Nossa preocupação agora é com as represálias. A situação é muito complicada, estamos vivendo momentos de perigo.

De acordo com o delegado Márcio Franco, os dois assaltantes, se forem presos, responderão por tentativa de extorsão, podendo ser condenados até 15 anos de prisão.