Título: Operação mata-índios
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 12/04/2008, Opinião, p. A9
O s que cobiçam as terras indígenas, com tudo o que nela existe e que pode ser transformado em dinheiro, estão matando crianças índias e fazendo pressão pela redução dos direitos dos índios e de suas comunidades, para se apossarem mais facilmente das terras indígenas e de todas as riquezas nelas existentes. Agredindo o direito, a Justiça e a dignidade humana, esses aventureiros cobiçosos já vêm causando terríveis males, tirando dos índios a vida e as condições de sobrevivência, de várias maneiras, inclusive introduzindo a fome e doenças graves no espaço indígena. Tentando apresentar-se como vítimas dos privilégios indígenas, valem-se da colaboração de advogados especializados na proteção de interesses econômicos e descompromissados com a Justiça e a dignidade humana para tentar forçar a redução do espaço dos índios, como se estes fossem latifundiários privilegiados e estivessem causando graves prejuízos ao povo brasileiro. Nessa cruzada para eliminação dos índios, argumentos jurídicos vêm sendo usados com erro ou impropriedade, além de serem escamoteados dados fundamentais, como a verdadeira situação constitucional das terras indígenas e o critério para sua delimitação. Os defensores desses interesses têm falado em "latifúndio indígena", o que é juridicamente absurdo, pois o índio não é proprietário nem posseiro das terras em que vive há séculos. Nos termos do artigo 20 da Constituição, as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios "são bens da União", que é, portanto, a única proprietária dessas terras. Mais ainda, diferentemente do latifundiário, que geralmente reside Dois fatos recentes, muito expressivos, deixam bem evidente quem é que detém muito mais terra do que necessitaria para sua sobrevivência e que agride violentamente a natureza em busca de dinheiro, prejudicando o povo brasileiro. Como noticiou o jornal O Estado de S. Paulo