Título: Procon fecha três lojas da Claro
Autor: Guilherme Queiroz
Fonte: Jornal do Brasil, 16/02/2005, Brasilia, p. D5

Três das maiores lojas da empresa de telefonia celular Claro foram fechadas, ontem de manhã, pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Procon-DF). A interdição foi determinada devido ao número expressivo de reclamações de clientes da empresa, que chegou a 1.457 em 2004 e já havia atingido a marca de 260 queixas registradas apenas em janeiro deste ano. Ontem à noite, a Claro obteve uma liminar e as lojas funcionarão normalmente hoje. As lojas interditadas estão na 502 Sul, no Park Shopping e no Conjunto Nacional. No Pátio Brasil Shopping, a Claro fechou as portas de sua loja antes mesmo da chegada dos fiscais do Procon. Segundo a diretora-presidente do órgão, Maria Dagmar Freitas, os clientes da empresa têm reclamado constantemente do serviço prestado pela empresa, como cobrança indevida de faturas, atendimento deficiente e falhas na cobertura. Como a Claro é reincidente nas infrações, as multas podem chegar R$ 3 milhões.

- As infrações são sempre as mesmas. Dá a entender que estão dando um golpe em seus clientes - critica Maria Dagmar, frisando que menos da metade dos consumidores com problemas costuma reclamar ao Procon.

O diretor Regional do Centro-Oeste da Claro, Eduardo Lubisco, admite que houve problemas na cobrança das faturas no ano passado, mas que a empresa está negociando com os clientes uma nova data de pagamento das contas, que estão sendo cobradas sem juros. Para ele, a ação do Procon foi injustificada pois a empresa estaria mantendo contato constante com o órgão para solucionar eventuais problemas. A liminar que autorizou a reabertura das lojas foi concedida pela 6ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do DF.

- A ação do Procon viria para o prejuízo do cliente. Sem a loja, perde-se um ponto de atendimento ao cliente. Fomos surpreendidos porque estamos em contato constante com o Procon - afirma Lubisco.

A diretora do órgão também atribui o número de reclamações à ineficiência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em fiscalizar o serviço prestado pela Claro. A assessoria de imprensa da Anatel, por sua vez, afirma que já tem conhecimento das infrações cometidas pela operadora e que já abriu dois processo de apuração de infrações por falta de qualidade no serviço prestado. Segundo a assessoria, caso seja condenada, as punições contra a Claro podem chegar ao cancelamento da autorização para atuar no DF.

A Claro também foi questionada sobre o episódio, ontem, em reunião com o presidente substituto da Anatel, Elifas Gurgel. O encontro já havia sido agendada anteriormente como parte das discussões em torno dos reajustes de tarifas previstos contratualmente para 2005.