Título: China estuda usar biocombustíveis
Autor: Totinick, Ludmilla
Fonte: Jornal do Brasil, 19/04/2008, Economia, p. A16
Com petróleo em alta, país se aproxima do Brasil para tentar diversificar fontes de energia
Ludmilla Totinick
Demanda crescente por energia e ameaças terroristas estão entre as principais preocupações da China. O assunto foi levantado pelo diretor do Centro para Estudos Internacionais de Xangai, Pan Guang, durante a Conferência sobre China, que reuniu comitiva chinesa, autoridades e acadêmicos brasileiros, chineses e argentinos numa mesa de discussões, na quinta-feira e ontem, no Palácio do Itamaraty, no Rio.
Atualmente, a China importa mais de 40% de todo o consumo de petróleo, cerca de 108 milhões de toneladas. De acordo com Pan Guang, os preços elevados do petróleo são uma ameaça ao desenvolvimento da China.
¿ Vamos procurar mais fontes de energia e explorar novas, como a bioenergia e a energia eólica ¿ ressaltou Wang Weiguang, vice-presidente da Academia Chinesa de Ciências Sociais. ¿ Há necessidade de desenvolvimento de energia elétrica ultra-mar, mas as fontes só podem ser via terrestre na China.
Parceria com brasileiros
Abre-se a possibilidade de o país se tornar um grande importador do biocombustível brasileiro no futuro. Além disso, o encontro estreitou laços entre os dois países e abriu grandes possibilidades da realização de negócios em diversas áreas de atuação.
Segundo Wang Weiguang, a China está particularmente interessada em desenvolver um relacionamento comercial com o Brasil.
Zheng Bingwen ficou impressionado com interesse do Brasil pelos estudos da China e ressaltou a relação amistosa entre os dois países. Na ocasião, foi assinado acordo de colaboração entre o Brasil e a Academia Chinesa de Ciências Sociais.
¿ Na qualidade de um país em desenvolvimento mundial, a meta da China é estreitar relações com o resto do mundo, hoje ela se tornou a maior parceira comercial com quase todos os vizinhos ¿ ressaltou o embaixador da China no Brasil, Chen Duping.
A relação da China com os 14 vizinhos que já foi bastante tensa no passado, historicamente com a Rússia, Índia, Vietnã e Japão também foi comentada. Ressaltou-se a afirmação de que desde os anos 90 as relações entre os países são pacíficas. Prova disso foi o anúncio da visita do presidente do Japão à China nos próximos dias.
Com relação ao terrorismo, a principal ameaça, segundo autoridades chinesas, é às Olimpíadas de 2008.
O colunista do JB Mauro Santayana disse que a grande preocupação é combater as causas da atividades terroristas.
¿ A posição americana não me aflige, o importante é procurar um sistema de segurança baseado no respeito aos povos de todo o mundo ¿ ressaltou Mauro Santayana.
Segundo os embaixadores chinesas, o grupo bilateral anti-terrorista na China está resolvendo outras questões como drogas e contrabando de armas.
Outro ponto abordado durante o segundo dia do encontro foi a relação ambígua entre China e os Estados Unidos, que temem o crescimento chinês, mas dependem do país para trazer a Coréia do Norte à mesa de discussões sobre a energia nuclear.
Sobre a relação da China com os países da América Latina, as autoridades concordam que deverá acontecer e que será muita produtiva para ambos.
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