Título: Canditatos têm projetospara a área próxima do Brasil
Autor: Arêas, Camila
Fonte: Jornal do Brasil, 14/04/2008, Internacional, p. A21

Na reta final para as eleições de domingo, os candidatos à Presidência paraguaia centram seus esforços de campanha nas regiões consideradas chaves pelo alto número de eleitores. E a província de Alto Paraná, cuja capital é Ciudad del Este, figura ao lado de Assunção e da grande capital. As pesquisas de opinião favorecem ao ex-bispo Fernando Lugo na região. Candidato pela Alianza Patriótica para o Câmbio, o líder apresenta 11 pontos percentuais de vantagem sobre a candidata oficialista Blanca Ovelar e pouco mais sobre o general Lino Oviedo, presidenciável pelo Partido Unace.

A disputa pelo segundo lugar levou Blanca e Oviedo a percorrerem a província fronteiriça com o Brasil nos últimos dias. Em Ciudad del Este, Blanca prometeu que a região terá a atenção necessária quando cheguar ao poder:

¿ Meu governo trabalhará em estreita ligação com forças locais porque os problemas regionais não podem ser administrados desde Assunção. Na fronteira, vamos organizar forças conjuntas, de segurança e defesa públicas. As forças militares terão maior preponderância, mais capacidade para lutar contra a delinqüência.

A candidata conta com o maquinário do Partido Colorado, há 60 anos no poder: na semana passada, o governo paraguaio deu início aos trabalhos de uma obra que ampliará a capacidade e a eficiência de sua alfândega na Ponte da Amizade. O investimento de 11 bilhões de guaranis (R$ 4 milhões) foi doado pelo Brasil no ano passado. O projeto deve ser concluído em seis meses.

Para combater o contrabando, Blanca prometeu "continuar apostando na formalização e legalidade do comércio":

¿ É a única saída. Se eu for eleita, vou buscar os mecanismos necessários para atrair mais investidores e instalar indústrias na área.

Os economistas, contudo, coincidem em resumir a questão a termos tributários para sugerir que a prática do mercado negro está atrelada ao contexto e estrutura das economias paraguaia e brasileira.

O Estado paraguaio "sempre manteve os impostos sobre a produção muito baixos como forma de combater o contrabando e isso favorece o contrabando ao Brasil", explica o economista paraguaio Ricardo Rodríguez Silvero:

¿ O governo tende sempre a baixar a pressão sobre as empresas para fomentar investimento e sobre as indústrias para fomentar a produção. A nível mundial, nosso imposto sobre a importação é relativamente baixo. Os produtos eletrônicos, por exemplo, pagam 2% para entrar no país e os medicamentos, 5%.

Vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro pontua que a alíquota média no Brasil está em torno de 5%, sublinhando que os impostos extras, como IPI, PIS, COFINS e ICMS, são os que encarecem nossa importação.