Título: Agronegócio teme queda do dólar
Autor: Freitas Jr., Osmar
Fonte: Jornal do Brasil, 02/05/2008, Economia, p. A17

Exportadores sugerem aumento de alíquota de imposto para conter desvalorização da moeda.

A notícia de elevação da nota do Brasil foi uma surpresa para o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. Presidente da Agrishow, ele enxergou no fato pontos positivos e negativos para o agronegócio brasileiro.

¿ Além de ser um reconhecimento para a nação, pode proporcionar um vigoroso incentivo à presença de capital estrangeiro no Brasil. Por outro lado, o aumento do volume da entrada de dólares no país será mais um fator que deverá valorizar o real frente à moeda americana, podendo levar a uma perda de renda dos produtores rurais ¿ afirmou o presidente da Agrishow.

Para José Velloso, vice-presidente de uma das organizadoras da Agrishow, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a elevação será prejudicial ao setor no curtíssimo prazo ao permitir uma maior valorização do real frente ao dólar, diminuindo ainda mais a competitividade da indústria de produtos de alto valor agregado. Segundo ele, esse cenário se agrava com a política do Copom de aumento de juros.

¿ Essa elevação do grau do Brasil para investimentos atrairá grandes investidores institucionais, especialmente de fundos de pensão que normalmente não investem em países onde haja remoto risco de instabilidade ou inadimplência. Isso gerará uma super valorização artificial da nossa moeda ¿ afirma Velloso .

Juros

Para Veloso, é necessário que o Banco Central reveja sua política monetária para inibir a atração de investimento especulativo de curto prazo no mercado de capitais.

¿ O Copom precisa se reunir emergencialmente para rever o aumento dos juros, feito para conter um repique de inflação causado não em função de uma demanda interna e sim de um aumento de preços de commodities alimentícias ¿ afirma. E completa: ¿ É preciso substituir ingresso de capital no curto para captar no longo prazo. Uma alternativa seria aumentar a alíquota do IOF, que é um imposto regulatório e não arrecadatório.

De acordo com o vice-presidente da Abimaq, o recebimento de investimentos em cerca de dois a três anos pode no futuro gerar uma demanda de máquinas.

¿ Por isso, essa elevação do grau de classificação pode ser prejudicial ao setor no curtíssimo prazo e benéfico a longo prazo ¿ analisa Velloso.