Título: Um endosso às mudanças
Autor: Freitas Jr., Osmar
Fonte: Jornal do Brasil, 02/05/2008, Economia, p. A17

A elevação do Brasil ao grau de investimento é um "endosso" das mudanças econômicas e políticas vividas pelo país nos últimos anos, afirmou na edição de quinta-feira uma reportagem do jornal financeiro The Wall Street Journal.

Como outro grande veículo financeiro estrangeiro ¿ o britânico Financial Times¿ o WSJ repercute a decisão da agência de crédito Standard & Poor¿s de melhorar a análise de risco do Brasil, atribuindo ao país um status de menos propenso à inadimplência.

"Outrora economicamente instável, o Brasil conseguiu estabilizar sua economia, e tem desfrutado de crescimento econômico previsível, com cada vez menos interferência política", avalia o jornal: "A mudança deve atrair mais recursos para a maior economia latino-americana".

"Muitos no Brasil vêem o grau de investimento como o sinal mais claro de que o país entrou no mapa mundial", afirma ainda o jornal.

A reportagem lembra que o Brasil deu início às reformas econômicas para pôr a casa em ordem ainda anos 1990. Nas palavras do repórter, o divisor de águas foi a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002: "(Lula) Da Silva surpreendeu observadores deixando intactas as políticas econômicas de seu predecessor."

O país também foi impulsionado pela elevação dos preços das commodities, como soja, carnes, café e açúcar, lembra o texto.

Segundo a reportagem, "alguns investidores temem que o avanço do Brasil amparado pelas commodities acabará por desacelerar. Entretanto, desta vez o Brasil tem mais a oferecer, incluindo uma crescente demanda por todo tipo de mercadoria, incluindo carros, roupas e educação".

A mudança no status do Brasil no ranking da S&P também entrou na edição desta quinta-feira do jornal financeiro britânico Financial Times.

Na mesma linha do seu par americano, o FT lembra que a elevação "reflete a emergência de São Paulo como o centro financeiro da América Latina, o baixo nível de exposição de crédito dos bancos brasileiros e a força das pequenas e médias empresas no país".

O jornal inglês também lembra a eleição de Lula em 2002, quando houve certo nervosismo no mercado. "Temores de um desastre foram compensados por um melhor gerenciamento fiscal, política monetária agressiva e independência para o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles".

O FT lembra que a mudança coloca o Brasil em linha com outros países emergentes do grupo Bric (Rússia, Índia e China) que desfrutam do grau de investimento e "abre o caminho para aceleração do investimento no gigante latino-americano".