Título: Analistas esperam a duplicação dos investimentos
Autor: Freitas Jr., Osmar
Fonte: Jornal do Brasil, 02/05/2008, Economia, p. A17

Grau de investimento deve render ao menos US$ 30 bilhões ao país.

Nova York

A elevação do Brasil a grau de investimento BBB-, na classificação da empresa Standard & Poor¿s , leva os analistas a creditarem que os investimentos externos no país devem duplicar. Pelo menos. No ano passado, o país recebeu US$ 34,616 bilhões, em comparação com os US$ 13,6 bilhões do período anterior. Agora, especialistas prevêem que o número pode saltar para mais de US$ 60 bilhões nos próximos 12 meses. Também no ano passado, toda a América Latina captou US$ 80 bilhões de investidores estrangeiros.

¿ A euforia dos brasileiros é merecida. Os investidores americanos receberam o sinal verde para investir. Há muita gente que só faz isso em países com grau de investimento. A partir de agora, esperamos um aumento de procura pelas ações do Brasil ¿ diz Karan Madan, chefe do setor de Américas da Merrill Lynch.

As analises de performances globais anteriores reforça a aritmética. ¿ Toda a economia da América Latina recebeu no ano passado US$ 80,96 bilhões em investimentos externos. Estes números, lembre-se, foram conseguidos muito em parte graças a países que já tinham grau de investimento, como Chile, México e Peru ¿ diz Anoop Singh, diretor do Fundo Monetário Internacional para o Hemisfério Ocidental. ¿ Ao que tudo indica, esta quantia destinada ao continente vai aumentar ainda mais.

As apostas dos fundos de investimentos e gerenciamento de capitais dos Estados Unidos no futuro brasileiro, porém, mantêm confiança e esperanças de bons negócios. Em média, os analistas consultados pelo JB ¿ que vão do Deutsche Bank, JP Morgan e Goldman Sachs, até fundos de investimentos como Deltec Asset Managemment e a Emerging Markets Managemment ¿ acreditam que o país pode conseguir dobrar a captação do ano de 2007.

¿ Isso significaria um record para o país, com algo em torno de US$ 60 bilhões de investimentos", diz Joseph Stanley, analista financeiro da Prudential Financial, que tem US$ 8 bilhões destinados as mercados emergentes.

¿ A decolagem dos investimentos terá princípio lento. Que ninguém espere um boom instantâneo. A elevação do Brasil a grau de investimento é um ponto de partida para novos investimentos, que virão a médio e longo prazos ¿ diz Felipe Illanes, analista da Merril Lynch.

Foi apostando neste cenário que a empresa contratou, desde março, mais 10 especialistas para o Brasil.

¿ Acho que a curva do mercado de ações locais vai aumentar consideravelmente, uma vez que ela andou um pouco enfraquecida nos últimos tempos ¿ acrescenta Karan Madan, chefe do setor de Américas da Merrill Lynch..

Crise

¿ Neste instante de crise internacional, foi mesmo uma surpresa a elevação do rating Brasil ¿ reconhece Gregory Lesko, da Detec Asset Managemment LLC, que tem US$ 1 bilhão em mercados emergentes, com a maior parte dos recursos no Brasil. ¿ Nós mesmos vamos ter mais reservas para investimento no Brasil. O momento é oportuníssimo.

É exatamente esta particularidade do momento, que pode ajudar muito os brasileiros.

¿ O capital é covarde: vai para onde se sente mais protegido. Este é um chavão e uma verdade econômica. E o Brasil está cada vez mais se firmando como local seguro ¿ diz Samuel Yanovich, da Federated Investors. ¿ Com um histórico de controle da inflação, política cambial liberal e melhoria na área fiscal, o Brasil já era um destino importante para investimentos. O reconhecimento agência também ajudou, e creio que não deve parar neste patamar por muito tempo: a tendência é de melhor classificação. Acho que no início do ano 2009.

Entre os países com grau de investimento, o Brasil tem nota inferior a de lugares como Croácia, Tunísia, México, Rússia e Kuait:

Marcos Freitas, da Prudential Financial, nota que a Espanha lidera investimentos em infra-estrutura.

¿ Espanha investe muito no setor hoteleiro, de telefonia. Estes investimentos, diga-se, não são do tipo bate-e-volta. Ajudam nos planos de desenvolvimento sustentável brasileiro.