Título: Quanto mais dinheiro, maior a popularidade
Autor: Seabra, Marcos
Fonte: Jornal do Brasil, 03/05/2008, País, p. A4

Presença do governo faz aprovação de Lula subir.

são paulo

As regiões do país onde é maior a aprovação ao governo Lula ¿ atestada em pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e Instituto Sensus ¿ receberam mais recursos per capta da União em convênios com Estados e municípios. Segundo o levantamento CNT/Sensus, o governo conseguiu a aprovação de 69,3% dos pesquisados no País, porém estão nas regiões Norte, Centro Oeste e Nordeste seus melhores índices.

Nos Estados do Norte e do Centro Oeste, Lula conseguiu a aprovação de 76,1% dos pesquisados. Para essas regiões foram liberados R$ 742 milhões em recursos federais entre os dias 27 de março a 26 de abril de praticamente todos os ministérios. Para o Nordeste, onde a aprovação de Lula foi recorde ¿ 85,1% ¿ os recursos liberados chegaram a R$ 604 milhões. Netas três regiões vivem 76 milhões de pessoas.

Nas regiões Sul e Sudeste, o governo Lula obteve seus mais baixos índices de aprovação, 58,1% e 60,3%, respectivamente. As duas regiões conseguiram a liberação de R$ 1,6 bilhão e é onde vivem 105 milhões de pessoas.

Oposição incompetente

- Além do óbvio crescimento econômico e da política social adotada pelo governo, boa parte dessa popularidade do presidente no Nordeste, por exemplo, se deve à incompetência da oposição ¿ acredita o cientista político Carlos Melo, do Ibmec/São Paulo.

Apesar de dar razão, em parte, ao analista do Ibmec/SP, o líder do PSDB na Câmara, deputado José

Aníbal (SP), reclama do comportamento populista de Lula.

¿ São pelo menos três fatores que explicam essa perfomance de Lula nas pesquisas. Primeiro são os programas sociais utilizados da forma mais assistencialista possível, indiscriminado. Ele (Lula) distribui dinheiro. Isso em campanha eleitoral é crime ¿ reclamou.

Para Carlos Melo, a oposição tem ajudado "fantasticamente" no aumento da popularidade do Lula.

¿ A oposição não consegue colocar uma pauta interessante, ela é repetitiva ¿ acredita o analista.

Segundo ele, a oposição está em um "samba de uma nota só" desde o escândalo do então assessor especial da Casa Civil Waldomiro Diniz, em 2004, "tocando na questão da ética".

¿ As eleições já mostraram que essa não é a questão. Não se pode esquecer o fato dele (Lula) fazer campanha diuturnamente, descaradamente, não faz outra coisa de segunda a segunda. Em toda parte que vai é palanque e comício a ponto de outro dia a Dilma (Rousseff) se trair e dizer que estava em um comício ao invés de um lançameno do PAC ¿ acrescentou Aníbal.