Título: Acusado de mandar matar Dorothy Stang é absolvido
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 07/05/2008, País, p. A6

Segundo julgamento inocenta fazendeiro, antes condenado a 30 anos.

Belém

O fazendeiro Vitalmiro Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang, foi absolvido ontem, após dois dias de julgamento, em Belém. A religiosa foi assassinada em uma área rural de Anapu (PA), em 12 de fevereiro de 2005. O promotor Edson Cardoso afirmou que vai recorrer da sentença.

Esta é a segunda vez que o fazendeiro é julgado pelo crime. Ele foi a júri novamente porque havia sido condenado a 30 anos de reclusão. A legislação permite recurso quando a pena supera 20 anos.

Já Rayfran das Neves Sales, réu confesso do crime, foi condenado a 28 anos de reclusão. Este foi o terceiro julgamento de Rayfran. O segundo júri foi anulado porque o Tribunal de Justiça acatou argumento dos advogados, de que houve cerceamento de defesa durante o último julgamento. No julgamento anterior ele havia sido condenado a 27 anos de prisão.

A reviravolta na sentença causou um início de confusão na platéia e o juiz Raimundo Alves Flexa interrompeu as declarações finais duas vezes para pedir silêncio.

¿ Aqui não senta réu já condenado. Esse tribunal é livre e possui autonomia. Quem estiver descontente, que recorra à esfera maior ¿ afirmou Eduardo Imbiriba, advogado do fazendeiro.

Por volta das 18h40, o júri saiu da sala secreta por aproximadamente 25 minutos para decidir a sentença de Vitalmiro e Rayfran.

Flexa, juiz titular da 2ª Vara de Júri de Belém, demorou mais de 40 minutos para ler a sentença, criando um clima de expectativa.

A segurança foi reforçada no salão interno e os advogados de defesa saíram do local comemorando. Equipes da Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (Rotam) foram chamadas para intensificar o policiamento.

Pressão

Marilda Cantal, defensora pública de Rayfran Sales, foi a primeira a se manifestar. Ela disse que o crime não foi por encomendo e que Rayfran só atirou na missionária porque se sentia pressionado por Dorothy e pelos colonos que a vítima apoiava. Segundo a advogada, ele praticou um crime de natureza simples. Ela disse que vai apelar da sentença.

Já o advogado Eduardo Imbiriba, que defendeu o fazendeiro Vitalmiro Moura, sustentou negou a autoria e cobrou a absolvição do fazendeiro. Ele afirmou que não existe nenhuma prova concreta que incrimine o fazendeiro.