Título: No depoimento, a teoria de que melhor defesa é o ataque
Autor: Correia, Karla
Fonte: Jornal do Brasil, 08/05/2008, País, p. A2
Dilma Rousseff chegou à comissão às 10h14 com uma estratégia armada durante que consistia em atacar com números massivos sobre o PAC, de forma a cansar os senadores e esgotar o tempo de depoimento mais com dados da principal bandeira do governo no segundo mandato de Lula do que com explicações sobre o escândalo que atingiu a Casa Civil.
A primeira colaboração dada à ministra, entretanto, veio da oposição, quando o senador José Agripino Maia (DEM-RN) mencionou entrevista concedida por Dilma, na qual ela admite ter mentido "muito" quando presa e interrogada durante o regime militar. Agripino pediu a Dilma que não mentisse da mesma forma.
Apelo emocional
Acabou dando de presente o apelo emocional que faltava à defesa da ministra. O ambiente ficou tenso com as declarações de Agripino. Com voz embargada, Dilma disse ter orgulho de ter mentido para seus inquisitores e, dessa forma, ter salvo a vida de companheiros.
Foi o suficiente para a chefe da Casa Civil, mesmo acusando o golpe com a declaração do senador oposicionista, abandonar a posição acuada e partir para o ataque. Encolhida, a oposição amenizou o tom das perguntas, quase todas concentradas no PAC. O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) cobrou obras em seu Estado. Recebeu de Dilma um livreto com balanço do PAC no Piauí. Sobre o dossiê, respondeu o que quis.
O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) elogiou a ministra. Chegou a dizer que temeu sua saída da Casa Civil por conta do caso do dossiê. O aliado Wellington Salgado (PMDB-MG) presenteou Dilma, "mãe do PAC", com um colar de ouro branco, enfeitado com um pingente no formato do mapa do Brasil.
¿ É um presente para o dia das mães ¿ explicou o senador, levando a ministra a sorrir.
O mimo teria custado R$ 2 mil, o que causou protestos entre a oposição, que lembrou que servidores públicos são proibidos de aceitar presentes acima de R$ 100. Por isto, acabou sendo recusado. (K. C.)