Título: Novas ameaças em Anapu
Autor: Gisele Teixeira e Karla Correia
Fonte: Jornal do Brasil, 17/02/2005, País, p. A3

O clima entre trabalhadores rurais, grileiros, madeireiros e fazendeiros está tenso em Anapu, perto de Altamira (777km de Belém). Segundo o Ministério Público Federal (MP), outros três líderes dos trabalhadores rurais estão sendo ameaçados de morte.

Os ameaçados são os representantes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Anapu, Francisco Assis de Souza (presidente) e Gabriel do Nascimento (diretor), além do padre Amaro Lopes de Souza, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que atua na cidade.

O Ministério Público Federal informou que as ameaças contra os três ficaram mais intensas depois do assassinato da freira Dorothy Stang, 74 anos, morta a tiros no sábado de manhã em Anapu.

Na terça-feira, Daniel Soares da Costa Filho, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Parauapebas, no sul do Pará, foi encontrado morto com seis tiros, da mesma forma que a missionária americana. Costa Filho também vinha sendo ameaçado por grileiros e madeireiros do Pará.

O Ministério Público Federal pretende pedir reforços para a segurança dessas lideranças dos trabalhadores rurais.

Também ontem, o governo anunciou que vai aumentar o contingente de policiais civis e federais na região, além de enviar 2 mil militares para reforçar a segurança.

O MP afirma ter avisado as autoridades do estado do Pará sobre as ameaças de morte que a freira Dorothy Stang vinha sofrendo antes do crime.

O procurador da República Felício Pontes continua em Anapu, participando das buscas aos quatro suspeitos de matar a missionária.

A Justiça de Pacajá (PA) decretou a prisão preventiva do fazendeiro Vitalmiro de Moura, um dos suspeitos de ter sido o mandante do crime. Estão sendo procurados outros três suspeitos: dois pistoleiros e um intermediário, conhecidos por Eduardo, Pogoió e Tinair.

O MP deve encaminhar ofício ao Ministério da Justiça e à Polícia Federal pedindo a liberação de um helicóptero para ajudar nas buscas. Segundo o Ministério Público, chove muito nessa época do ano na região e as estradas estão intransitáveis, o que dificulta as buscas por terra.