Título: Quadrilha de hackers roubou R$ 10 milhões
Autor: Hugo Marques e Leandro Bisa
Fonte: Jornal do Brasil, 17/02/2005, País, p. A4

A Polícia Federal deflagrou ontem a Operação Clone e prendeu quatro grandes estelionatários cibernéticos que conseguiram roubar R$ 10 milhões em quatro bancos, com saques pela internet. A quadrilha invadiu mais de 200 contas bancárias de correntistas do Rio, São Paulo, Distrito Federal, Minas Gerais, Goiás e Ceará.

Por mais de dois anos, a quadrilha desviou dinheiro de correntistas do Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. O alvo preferido era a Caixa. E foi esta preferência dos bandidos que levou a investigação para a esfera da PF, responsável pelas fraudes contra bancos e órgãos da União.

Líder da quadrilha, Renato Prata Silva foi preso em sua casa, no setor Park Way, em Brasília. A PF fez busca e apreensão na residência de Silva, com autorização judicial. O estelionatário, que se apresentava como taxista, se recusou a abrir a porta da mansão de dois andares e os policiais utilizaram marretas para entrar.

O estelionatário Servio Willhee Rodrigues Pontes, também preso, era responsável pelo levantamento de cadastro de vítimas e pelos saques dos valores desviados. Custódio Jerônimo de Oliveira, outro preso, era também encarregado de rastrear grandes investidores e efetuar saques. O quarto preso, Amílquer Lemos dos Santos, é um ex-empregado da Caixa que cuidava da parte operacional dos golpes eletrônicos. A PF está investigando contatos de Amílquer na Caixa.

A quadrilha subornava funcionários de grandes bancos para acessar as senhas de clientes. Subornava ainda servidores de bancos estatais para acessar as senhas dos gerentes, ganhando acesso a todas as movimentações dos correntistas.

Depois, os estelionatários entravam na internet e faziam transferências para outras contas, geralmente em nomes de pessoas que os investigadores desconfiam ser ''laranjas'' dos bandidos.

Os presos serão indiciados por formação de quadrilha, furto qualificado, estelionato, violação de sigilo bancário, corrupção ativa e passiva e por lavagem de dinheiro.

A Operação Clone contou com a participação de 60 agentes e delegados federais. As prisões e as sete operações de busca e apreensão foram autorizadas pelo juiz da 12ª Vara da Justiça Federal de Brasília, Ronaldo Desterro. A quadrilha foi investigada por sete meses. Segundo os investigadores, as escutas telefônicas mostram os contatos entre os membros da quadrilha. A PF poderá prender outros envolvidos, incluindo funcionários das instituições bancárias.

Durante as prisões e buscas nas casas dos estelionatários, a PF recolheu uma pistola, um revólver e um carro roubado. Foram achados ainda vários documentos e material de informática. Todos os presos tinham antecedentes criminais e têm patrimônio incompatível com os rendimentos declarados à Receita.