Título: Vocês não podem gritar Dilma e Lula outra vez
Autor: Quadros, Vasconcelo
Fonte: Jornal do Brasil, 10/05/2008, País, p. A3
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, tocou normalmente sua agenda na Bahia, ontem, alheio às denúncias de que a equipe da ministra elaborou, de fato, o sempre negado dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Durante discurso na cerimônia de assinatura de atos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Lauro de Freitas (BA), Lula disse que tem gente nervosa porque ele cuida dos pobres e que, por este motivo, convocaram Dilma Rousseff para depor no Senado no caso dossiê anti-FHC.
Ao falar do PAC, Lula ressaltou que o programa é institucional e não pode ser confundido com as campanhas legítimas e democráticas que os partidos vão fazer por conta das eleições.
¿ É importante lembrar, porque nós estamos em um período eleitoral, e esse período eleitoral começa a ficar delicado porque começam a aparecer torcidas nos atos do PAC, e o PAC é um programa institucional e não pode ser confundido com as campanhas legítimas e democráticas que os partidos vão fazer daqui para a frente."
Apelo à emoção
E apelou para o emocional:
¿ Eu espero que a minha passagem pela Presidência tenha quebrado os preconceitos históricos que foram criados neste país, espero que ela quebre os tabus que foram criados neste país. Porque eu cansei. Foram três derrotas: "O Lula não pode governar porque ele não fala inglês, o Lula não pode governar porque ele não tem um dedo, o Lula não pode governar porque ele é retirante nordestino, o Lula não pode governar porque ele é quase analfabeto, o Lula não pode governar porque não sei das quantas. Burro é quem confunde inteligência com anos de escolaridade. Burro é quem pensa assim¿ afirmou o presidente.
E ainda comentou sobre a sucessão presidencial em 2010:
¿ Vocês não podem uma hora gritar o nome da Dilma e outra hora gritar Lula outra vez, vê se pode! _ brincou com a platéia.
A viagem presidencial transcorreu como as outras nestas séries de lançamentos do PAC. Lula procurou demonstrar que não estava preocupado com a crise do dossiê e sempre que teve oportunidade, procurou elogiar a ministra Dilma.